Margarida Medeiros: Os seus projectos têm uma componente grande de automação. Interessa-lhe a questão da autonomia da obra, aquilo que ela pode gerar por si mesma?
MM: O seu interesse é mais pelo processo de construção, ou pela criação do um objecto ele mesmo capaz de entrar criativamente noutro processo?
MM: O RAP é um robot que desenha e assina o seu nome no desenho. O ideal da arte, no futuro, seria a total independência da mão humana, da subjectividade, como um cientista?
MM: Como vê então a relação entre arte e ciência, isto é, qual a margem para o «objectivo», «científico», na produção da obra?
MM: Mas é uma provocação fundamentada?
MM: O que quer dizer quando afirma que “o artista do futuro não será humano”?
MM: Isso significa que há um tempo pós-humano na arte?
MM: Isso significa que existe um grau de aleatoriedade, de descontrolo, na relação do artista com a obra?
MM: O Talbot, um dos inventores da fotografia, dizia que «era a primeira vez que um edifício se desenhava a si mesmo»…
MM:Acha que o artista tradicional, que depende do seu corpo (mão) está ‘obsoleto’?
MM: Isso significaria também uma visão diferente do artista, tradicionalmente associado ao dom, à habilidade manual, não?
MM: E onde fica o lugar da expressão estética, tão associada classicamente à Arte?
MM: Não há aí um paradoxo, tendo em conta que os seus trabalhos também são assinados? Isso significaria, no limite, uma ausência de assinatura… de identidade.
MM: Mas nesse novo humanismo o indivíduo deixa de contar?
MM: Na exposição que organizou em 2009 na Cordoaria há um convocação específica da ciência e da tecnologia para o terreno da arte…
MM:No fundo, como a história prova, a arte e as técnicas estiveram sempre ligadas…
MM: O fundamental será usar a informação que vem da ciência e da técnica para com eles fazer outras coisas, para além da ciência e da técnica?