Entre o Colapso e a Regeneração: O Impacto Oculto da Elite Global

Cromasfera 2 | ilda teresa castro, 2023


As grandes catástrofes civilizacionais podem ser momentos de revelação. O impacto da pandemia covid19 (2020-2022) revelou uma possibilidade até então considerada utópica: a suspensão do paradigma da produção incessante e do consumo predatório, com a desaceleração da máquina industrial e a consequente regeneração temporária dos ecossistemas. Em poucas semanas, os níveis de poluição atmosférica caíram drasticamente, permitindo que os céus sobre a China e a Europa voltassem a ser visivelmente límpidos. A fauna marinha ressurgiu em áreas há muito degradadas, enquanto o ruído urbano deu lugar a um silêncio primordial onde o canto dos pássaros se tornava novamente audível. A Terra respirava.

Como se tivéssemos entrado num vórtice de espaço-tempo, a paralisação global então instaurada, legou-nos o vislumbre do que poderia ser um mundo sustentável.

Mas a lógica do sistema impôs-se rapidamente e não houve força para suster o momento. Como se pode mudar um mundo onde o indivíduo está imerso numa estrutura que lhe escapa? O sujeito contemporâneo encontra-se cada vez mais aprisionado numa lógica de consumo e ocupação do tempo que transcende a sua capacidade de decisão. A hegemonia do negócio molda não apenas a economia, mas também a nossa perceção do que é possível mudar [1]. Ainda assim, há momentos de ruptura que nos forçam a questionar essa estrutura — como o vislumbre de um mundo sustentável que o confinamento nos proporcionou. No entanto, a retoma económica desprezou essa experiência.

“Retorno à normalidade” rapidamente se revelou um eufemismo para um retrocesso ambiental brutal. As emissões de CO2 atingiram um recorde histórico em 2023, superando os níveis pré-pandemia (Agência Internacional de Energia). A suspensão das cadeias de abastecimento global deveria ter sido uma oportunidade para reavaliar a dependência estrutural dos combustíveis fósseis. Em vez disso, a resposta política e económica foi a de um crescimento compensatório, reactivando os mesmos sistemas extractivistas e destrutivos, e negligenciando oportunidades de transição para energias renováveis.

A guerra e a geopolítica aceleraram a destruição. Os números são alarmantes. Em apenas três anos, as emissões de CO2 atingiram recordes históricos: na Ucrânia, mais de 230 milhões de toneladas e em Gaza, 281 mil toneladas em apenas dois meses, valor que supera a pegada anual de 20 países (Centre for Research on Energy and Clean Air  e UN environment programme). 

O planeta arde. O ano mais quente já registado foi 2024, com uma temperatura média global de 1,55°C acima dos níveis pré-industriais (Organização Meteorológica Mundial), e janeiro de 2025 bateu um novo recorde com 1,75°C (Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus) quando o valor limite para evitar impactos climáticos extremos e irreversíveis é 1,5°C (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). 

Os sinais são inequívocos: assistimos ao colapso iminente de ecossistemas críticos na Amazónia e no Árctico, enquanto incêndios, enchentes, tsunamis, terramotos e ondas de calor se intensificam (National Oceanic and Atmospheric Administration).  Estamos em queda livre rumo à devastação.

Num voo picado em direcção ao abismo mais negro, nas primeiras semanas de 2025, o retorno do governo Trump nos EUA, implementou políticas ambientais devastadoras [2], permitindo a exploração ilimitada de biomas essenciais, revertendo restrições impostas anteriormente; e ridicularizando e boicotando compromissos climáticos internacionais, enquanto manifesta intenções colonialistas sobre o Canadá, a faixa de Gaza, a Gronelândia e o Golfo do México.

A maioria das espécies está a ser empurrada para um ponto sem retorno, por um poder capitalo-techno-totalitário, uma recente combinação de capitalismo extremo com tecnocracia e totalitarismo, que projecta uma sobrevivência humana extra-terrena tendencialmente marciana, para gente (de) “com-fi(n)ança” muito elevada — o território de influência dos tais 1% que detêm mais riqueza do que 95% da população — e é indiferente ao destino do resto da humanidade e das espécies mais-que-humanas. 

Com efeito, o actual governo de Trump, em apenas um mês, fez cortes no financiamento de pesquisas climáticas da NASA e redirecionou as verbas para a exploração espacial; proclama querer colonizar Marte antes da China, e incentiva investimentos privados. A participação do bilionário neo-nazi Elon Musk[3], defensor da expansão multiplanetária e do transumanismo, a par de corporações poderosas e de países ricos, suscita preocupações éticas e ambientais sobre como esse novo colonialismo será conduzido. 

Os temores de que o contexto neo-colonialista da exploração de Marte, tenda a replicar padrões históricos do colonialismo terrestre[4], parecem cada vez mais justificados. O neo-colonialismo espacial em curso, aponta para um sério risco de apropriação e domínio do espaço com benefício apenas para alguns, apesar do Tratado do Espaço Exterior de 1967, assinado por 100 países, proibir qualquer nação de reivindicar soberania sobre corpos celestes como Marte[5]. Será o neo-colonialismo marciano a continuação do pós-colonialismo terrestre?

A hipótese de segregação interplanetária, onde apenas algumas elites terão acesso a passar a fronteira marciana, lembra muitos filmes de ficção científica que passaram nas últimas décadas nos nossos ecrãs. Na verdade, o nosso imaginário está povoado destes futuros espaciais distópicos, situados no colapso da sustentabilidade ecológica dos habitats terrestres originais. Quem não se recorda de Blade Runner, de Ridley Scott (1982), Total Recall, de Paul Verhoeven (1990), Elysium, de Neil Blomkamap (2013) ou Interstellar, de Christopher Nolan (2014)? Embora, na literatura, desde 1909, E. M. Forster com Machine Stops, tenha iniciado esta previsão futurista de segregação social, dependência tecnológica e colapso de civilizações tecnologicamente avançadas, é com The Moon is a Harsh Mistress, publicado em 1966, por Robert A. Heinlein, e seguido de perto por Do Androids Dream of Electric Sheep, de Philip K. Dick, em 1968[6], que a ideia de colonização espacial para elites com o abandono dos pobres em situações de sobrevivência degradante, passa a ser uma narrativa de referência na ficção científica. Supostamente, apenas como entretenimento.

Mas o que se tomava como mero entretenimento, surge de repente e sem aviso, como uma possibilidade promovida por um dos governos mais poderosos do planeta Terra, em articulação com as maiores fortunas deste mesmo mundo. O panorama não poderia ser mais sinistro. 

Somado a tudo isto, um transversal e cada vez mais global estado de alienação de grande parte da população mundial, mergulhada nos domínios tecnológicos e nas “realidades alternativas” das redes sociais e congéneres, onde a verdade é relativa, contribui para um cenário propiciador de distopias anunciadas. Essas redes, dispositivos de sociabilidade e entretenimento que deveriam promover a informação, a educação e o conhecimento, têm sido manifestamente direccionadas numa lógica de apropriação de dados pessoais e exploração do tempo, para incrementar o lucro de gigantes das finanças tecno-capitalistas. Pior ainda, para conspirar a favor de governos totalitários. Está comprovado o papel desempenhado pelos algoritmos no controle de narrativas políticas, moldando as escolhas do eleitorado através de fake news e da manipulação de emoções (Harari, 2024). As redes sociais têm acelerado a transição da humanidade para um estádio de “pós-verdade”, onde a percepção importa mais do que a realidade. São frequentemente usadas como armas políticas, por interesses contrários à sustentabilidade planetária e à preservação das espécies, como ocorre no governo de Trump, tanto no seu uso quanto nos seus objectivos.

A título de curiosidade, a pandemia criou pelo menos 40 novas fortunas milionárias na indústria farmacêutica e embora não exista um número exacto publicado, o boom da indústria do armamento desde o início da guerra na Ucrânia e em Gaza, pressupõe centenas, entre lideranças executivas, accionistas e investidores da defesa, com particular incidência nos EUA.

Se em 2018-19, na época das manifestações estudantis desencadeadas pelo movimento Greta Thunberg se vislumbrava uma possibilidade de mudança global no sentido de evitar um colapso ambiental, agora, num volte-face de 180º, caminhamos a passos largos para um ponto de não retorno, apesar das evidências comprovadas durante o confinamento. 

No cenário actual, as grandes corporações e os ultra-ricos utilizam vastos recursos para moldar as regras globais a seu favor e planeiam continuar a enriquecer à custa da destruição das condições de vida na Terra, enquanto garantem um lugar para as suas descendências em solo marciano. Nesta via, o aquecimento continuará a aumentar tornando grandes partes do planeta inabitáveis, extinguindo milhares de espécies, deslocando biliões de pessoas refugiadas climáticas e acelerando mudanças irreversíveis. A alta sociedade global ocupará zonas climáticas seguras e cidades muradas, até poder habitar Marte como refúgio. A restante população sobreviverá em condições miseráveis. Por muito abjecto que seja este cenário, ele existe e na conjuntura actual, é um dos mais prováveis[7]. Um cenário que já em 1801, nos seus piores pesadelos Humboldt tinha temido, antevendo um futuro sombrio em que a espécie humana, em expansão espacial, espalharia as suas piores características por outros planetas, deixando-os estéreis e devastados, tal como observava estarem então já a fazer na Terra. 

O cenário que aparece como menos provável mas o único que permite salvaguardar a vida como a conhecemos, implica uma transição rápida para práticas sustentáveis com a adopção global de energias renováveis, acordos multi-laterais para aplicação de regulamentações rigorosas, envolvimento e pressão da sociedade civil fiscalizando os governos e, muito importante, a justa tributação das pessoas mais ricas do mundo (10% da população) e de mega-operações, obtendo assim recursos necessários para a viabilização verde e a substantiva diminuição ou erradicação da pobreza[8]

Mas, a fuga para Marte não é o único plano das elites. Entre o colapso total com a colonização espacial e o da regeneração sustentável, há um terceiro caminho já em construção: o Business as Usual, onde a degradação ambiental e social avança sem grandes mudanças estruturais. Neste, não há fuga interplanetária, apenas uma adaptação desigual à crise. O aquecimento global ultrapassará os 2°C antes de 2050, tornando irreversível o colapso de ecossistemas e sociedades. Enquanto isso, megacorporações continuarão a expandir-se, beneficiando da falta de regulamentação ambiental num mundo cada vez mais desigual e hostil. 

Comunidades ultra-ricas viverão isoladas do caos climático e social, em zonas exclusivas e fortificadas, à imagem dos “bunkers de luxo” e das cidades inteligentes que já existem e a que só os grupos mais privilegiados têm acesso[9].

Embora pouco se fale no assunto, estudos recentes priorizam a imperiosa necessidade de forte acção sobre as práticas abusivas de quem detém as maiores fortunas. Tomando como exemplo o caso dos EUA, está provado que a divida da tributação dos impostos dessa elite, representa um valor superior ao que é necessário para erradicar a pobreza no país: por ano, perdem cerca de 1 bilião em fraude e evasão fiscal, e o necessário para erradicar a pobreza seriam 177 mil milhões de dólares. Certamente a grandeza de valores será igualmente muito significativa no resto do mundo. Em termos de benefícios governamentais os mais ricos estão, inclusive, a receber cerca de quarenta por cento mais, do que os mais pobres (Desmond, 2023). Nada disto faz sentido. É imprescindível impor seriedade na justiça económica mundial.

Se o segmento mais rico pagar os impostos que lhes são devidos, se abandonarmos o novo colonialismo espacial insustentável e altamente poluente na Terra e no espaço, se for valorizado o trabalho da mesma forma que se valoriza o capital, e se assumirmos medidas sérias[10] na preservação da sustentabilidade terrestre, com envolvimento civil e nova legislação, poderemos alcançar o segundo cenário. Esse cenário permite a recuperação de ecossistemas, um mundo movido por energia limpa, cidades inteligentes auto-sustentáveis e a erradicação da pobreza, que é um factor-chave na ascensão de movimentos extremistas e de governos totalitários e populistas, letais para o pensamento ecológico e preservação da vida multi-espécies no planeta Terra. 

Mas mais do que apenas mudar hábitos, é essencial romper com a lógica do medo e da resignação que nos mantém paralisados. A mudança nunca virá apenas de cima — tem de ser construída de baixo para cima. Precisamos de agir localmente, mas com um olhar global; usar o conhecimento como ferramenta de resistência contra a desinformação, mas também como um motor de consciência crítica e mobilização colectiva; desafiar a ideia de que progresso significa crescimento económico ilimitado. No fundo, a luta não é apenas pela sobrevivência do planeta mas também pela redefinição do que significa viver nele.

A pandemia demonstrou transversalmente que um outro mundo é possível. Se aguardávamos por um momento de revelação, o confinamento serviu de laboratório para a solução. Agora, vivemos um segundo momento — mas no sentido oposto e pelos piores motivos. Seguimos a passos largos para o colapso. 

O colapso já não é uma ameaça distante, é o nosso presente. A escolha é simples: agir ou assistir à destruição. Este é, com elevada probabilidade, o momento de maior risco para a Biosfera desde o início da civilização humana — e pode ser uma das últimas oportunidades de a salvar. A contagem regressiva precipita-se em velocidade acelerada para o zero.

Notas

[1]Castro, Ilda Teresa. «Alienação Civilizacional, Arte e Melancolia», 2011.
[2]Como a Revogação da Lei de Proteção de Áreas Húmidas, permitindo a exploração ilimitada de biomas essenciais; a Expansão da Extração de Petróleo no Alasca e no Golfo do México, revertendo restrições impostas anteriormente; e a Retirada de compromissos climáticos internacionais, descredibilizando o Acordo de Paris e boicotando negociações da COP30.
[3]A White House declarou no início de fevereiro que Elon Musk foi nomeado Special Government Employee, o que lhe permite actuar como conselheiro especial de Trump, sem que integre oficialmente o gabinete presidencial. É consultor e líder no Department of Government Efficiency (DOGE), orgão criado especificamente para a sua acção, e que tem promovido e influenciado o corte nas políticas ambientais, e o investimento na militarização do espaço e na colonização de Marte. In [https://edition.cnn.com/2025/02/03/politics/musk-government-employee/index.html], acedido 2025-03-05.
[4]Eski, Y. (2023); Garasic, M.D. & Di Paola, M. (2024).; Munro, I.; Boussebaa, M.; Rhodes, C. (2025).
[5]O neo-colonialismo de Marte em premissas similares aos colonialismos na Terra, antevê também idênticos pós-colonialismos.
[6]Adaptado por Ridley Scott, em Blade Runner (1982).
[7]Se, por fim, no limite do possível, a Terra sobreviver com alguns vírus, bactérias, répteis e insectos, até que eventualmente alguns milhares de anos depois, outras espécies menos letais do que a humana possam existir, a probabilidade de o colapso se repetir em Marte num futuro pós-colonial, é enorme.
[8]Relatório Oxfam sobre Justiça Climática.
[9]Como viverão as pessoas mais ricas nesse cenário em curso? Em zonas exclusivas e fortificadas, como os “bunkers de luxo” nos EUA, Nova Zelândia e Europa ou em cidades climatizadas e inteligentes altamente seguras, como projectos semelhantes ao NEOM (Arábia Saudita). Terão purificação de água e de ar, enquanto o resto da população sofre com poluição extrema; agricultura vertical e alimentação laboratorial, enquanto a fome alastra; energia renovável e casas climatizadas, enquanto o mundo enfrenta apagões, desertificação e desastres naturais. Terão acesso a cuidados médicos, biotecnologia e terapias de longevidade, enquanto milhões morrem sem assistência. Tudo isto protegido por exércitos privados enquanto os conflitos emergem devido à escassez de recursos… Este não é um cenário distante, já está em construção.
[10]Regressando a 2020 e ao que escrevi em “O Que É Preciso Mudar Para Continuarmos Vivos”: “É necessário desacelerar a economia, a produção e o consumo. É necessário produzir local e consumir local. Reduzir a exploração das matérias-primas e recursos terrestres. Reduzir o consumo de energia. Reduzir o investimento em tecnologias e altas tecnologias cada vez mais dependentes de energia. Reduzir os aeroportos, as auto-estradas, as viagens. Suspender novos consumos, novas modas, novos gadgets, novos gastos. Substituir o automóvel pela bicicleta e pela marcha. Substituir o avião pelo comboio. Reutilizar. É preciso regressar ao básico e ao essencial. Inventar soluções, mecanismos, objectos e estruturas com gasto energético zero. Regressar à terra, ao cultivo e consumo de alimentos locais. Regressar a modos de vida sustentáveis. Ensinar nas escolas como é que isso se faz realmente, ao invés de esboços fantasistas. Ensinar também fora das escolas como é que isso se faz porque nunca aprendemos ou já esquecemos. É preciso pensar local para pensar global e vice-versa. É necessário aliar a ciência e a tecnologia, e a arte e a cultura, no ajustamento das mecânicas adequadas às necessidades reais com base em esforços concretos na resolução dos problemas. É necessário mudar a Economia. É necessário mudar a nossa zona de conforto. É necessário seriedade, responsabilidade e honestidade com a situação que enfrentamos. Criar novas regras de comportamento são. E passar da teoria à prática.”, in [https://animaliavegetaliamineralia.org/2020-2021], acedido 2025-03-05.

Bibliografia

Castro, Ilda Teresa. (2011) «Alienação Civilizacional, Arte e Melancolia», in Arte & Melancolia, Margarida Acciaiuoli e Maria Augusta Babo (coord.), Instituto de História de Arte / Estudos de Arte Contemporânea/Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens, Lisboa, 2011, pp.179-191.
(2020) «O Que É Preciso Mudar para Continuarmos Vivos», in Animalia Vegetalia Mineralia_ecomedia ecocriticismo ecocinema. Ano VI. Número XI. 2020-2021.

Desmond Matthew. (2023). Poverty, By America, Crown.

Eski, Y. (2023). «Space, the Final Frontier to Exploit and Annihilate: Space Exploration, Inhabitation and Settlement», in A Criminology of the Human Species. Springer Nature Switzerland, p.71-98.

Garasic, M.D. & Di Paola, M. (2024). The Philosophy of Outer Space: Explorations, Controversies, Speculations. Routledge.

Harari, Yuval Noah. (2024). Nexus – História Breve das Redes de Informação. Penguin Random House Grupo Editorial.

Munro, I.; Boussebaa, M.; Rhodes, C. (2025). «Transnational Corporate Power, Neo-colonialism, and Investigative Journalism». Emerald Publishing.

Wulf, Andrea. (2015). A Invenção da Natureza: as aventuras de Alexander Von Humboldt, o herói esquecido da ciência. Temas e Debates – Círculo de Leitores.