Os Xakriabá são a mais populosa etnia indígena aldeada no Estado de Minas Gerais, na região sudeste do Brasil. São mais de 9.000 indígenas (dados da FUNASA/Fundação Nacional da Saúde de 2010, em 2020 estima-se quase 12 mil indígenas), habitantes de uma Reserva Territorial que se localiza no município de São João das Missões – extremo norte do Estado, divisa com o Estado da Bahia e na proximidade do Parque Nacional do Peruaçu. Fortes e resistentes ao processo de colonização, os Xakriabá conquistaram a demarcação e homologação de parte do seu território no ano de 1987. Ainda hoje lutam por uma retomada de parte do território ocupada por fazendeiros e que margeia o rio São Francisco.
Tal Reserva Territorial está inteiramente abarcada pelo “polígono da seca”, região reconhecida pela legislação como sujeita a repetidas crises de prolongamento das estiagens (atualizado pela SUDENE/Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste em 2017). O bioma da Reserva é de transição entre cerrado, mata seca e caatinga. Desde o ano de 2012, as terras Xakriabá vêm sofrendo com a forte escassez de chuvas, o que tem provocado perdas sucessivas de grande parte da produção cultivada nas lavouras, além de perdas irreparáveis na fauna e na flora nativa, afetando o equilíbrio “inter-espécies”[1] parte da singular diversidade típica desta micro-região. Confrontados e constrangidos por tal realidade, o povo Xacriabá tem se esforçado em preservar suas práticas tradicionais, seus saberes e suas memórias acerca do território, além das trocas e de um convívio harmônico com a fauna e a flora, resistentes e originárias de uma mesma existência comum. O bioma da caatinga é único em espécies vegetais e animais adaptados a tal contexto de transição climática e, desde a colonização interior do Brasil, esta singularidade territorial vem sofrendo, além da rigorosa seca atual, com a pressão e a devastação promovida pela ação de fazendeiros, – que invadem e destroem o bioma natural substituindo a vegetação nativa por pastos para a criação extensiva de gado bovino.
Fotografias da autoria de Adriano Mattos Corrêa
De que modo, os Xakriabá, habitantes de um território tão específico, ameaçado e distante no sertão seco do Brasil, podem nos instigar acerca de “objetos encontrados como prática de pesquisa”?
Para o filósofo crítico do design Vilém Flusser, em O Mundo Codificado (2007), a produção de um “objeto” implica a criação de um “obstáculo”, – é “coisa” lançada no “meio do caminho”. Em latim “ob-iectum” significa “obstrução” do caminho; em grego um “objeto” significa um “problema”, – um “entrave” a ser superado pelas futuras gerações.
Em um estudo de 2015 na Universidade de Leicester, com a participação de Peter Haff (físico alemão professor de geologia que cunhou o termo “tecnosfera”, – tradução em termos geofísicos dos impactos humanos sobre a Terra), chegou-se à escandalosa cifra de 30 trilhões de toneladas como o peso de toda a parafernália de “objetos” produzida pela humanidade até aqui, – cinco vezes maior do que a própria biomassa de todos os humanos vivos.
Davi Kopenawa, xamã Yanomami autor do livro A Queda do Céu (2015) – publicado juntamente com o antropólogo francês Bruce Albert, nos alerta a todos/as que, por temer o “tempo” e por não querer saber da “morte”, os “homens brancos” se tornaram produtores insaciáveis de “mercadorias/objetos”, demarcadores de fronteiras por estabelecer “propriedades”, ávidos por mapear, dominar, explorar e controlar territórios sobre o planeta. E quando Davi fora levado para conhecer no Louvre em Paris os “objetos” indígenas brasileiros amazônicos expostos no Museu, ele se disse atordoado e triste perante a exibição de tantas coisas indevidamente apropriadas, mortas, colecionadas e dispostas em caixas de vidro daquele modo: (…) “é ruim guardar trancados nesta casa longínqua os bens dos habitantes da floresta que foram mortos no passado pelas doenças e armas dos brancos!”; (…) “quero olhar só coisas bonitas, não coisas da morte. Prefiro ver imagens do céu, do sol, das montanhas, da chuva, do dia e da noite”… (Kopenawa e Albert 2015, 428).
E uma vez praticada tamanha exploração, mortificação e apropriação indevida de terras, todos/as nós habitantes deste mesmo e único planeta, “encurralados” e “refugiados” em um aldeamento territorial que nos obriga a um confinamento involuntário, estamos todos/as diante da iminência de a Terra não suportar mais nossas demandas materiais…, – assim nos expõe a nossa triste realidade o pensador indígena Airton Krenak, em O Amanhã Não Está à Venda (2020).
A cosmogonia Xakriabá, os modos tradicionais de esse povo compartilhar e produzir sua presença no território, talvez nos anuncie outras possibilidades de existência material e outras possibilidades de relação com as outras espécies habitantes desse planeta comum. Os “objetos” tradicionalmente produzidos por essa etnia indígena do Brasil central, suas casas, suas ferramentas, suas lavouras cultivadas e necessárias à sobrevivência, seus utensílios domésticos, dentre outras práticas construtivas, vêm da terra e para a terra voltam. Talvez o modo de produzir dos Xakriabá nos desperte para uma relação não binária entre “pessoas” e “coisas”, entre “sujeitos” e “objetos”, entre “humano” e “não humano”, entre “mercadoria” e necessidades de “consumo”, entre “propriedade” e modos de “vida comum”, entre “corpo” e “território”, entre “permanência” e “não permanência” das coisas.
Há uma pedagogia singular dessa etnia que é a de aprender “vadiando” pelo território e pela vida. Aprender no “tempo” das coisas, no interesse e nas relações do perceber/sentir particular de cada um. Eles são exímios observadores, pesquisadores e colecionadores silenciosos daquilo que os cerca e daquilo que acontece no contexto singular de um entorno palpável para cada diferente sujeito habitante destas mesmas terras comuns. E tal “coleção de achados”, de modo um tanto ambíguo, se faz da coleta efêmera daquilo que já se encontra “perdido”, ou que tende inexorável para a “perdição”. Uma prática performativa, deslocada e distinta de uma produção/acumulação de arquivos materiais por uma “monumentalização” da memória ou de uma ideia de afirmação “identitária” autorreferente. E também sem a necessidade de uma construção ou demarcação de uma definida propriedade “material” ou “territorial”, empreendida em nome da presença de seu povo.
É no “silêncio” de relações constituídas no “tempo” presente da existência de cada indivíduo que o conhecimento e a memória singular dessa etnia são construídos e compartilhados entre as gerações Xakriabá.
A proximidade, a escuta silenciosa e o fazer juntos como modos de ensinar e aprender com os mais velhos da tribo, se dá no cotidiano da vida. Para os Xakriabá o conhecimento acerca das coisas, das espécies, da produção e dos “objetos” que os cercam é um “saber” compartilhado e coletivo. Sabe-se das “coisas” experimentado e fazendo juntos ou juntas. Cada um ensina e aprende com a prática e o fazer do outro. Não se tem a ideia de autoria, ou assinatura, individualizada dos feitos realizados. A referência a quem fez é compartilhada por todos aqueles que participaram e que colocaram a sua própria mão no processo de construção. O fazer e o conhecer estão abertos a todos e todas que desejarem ajudar e aprender fazendo juntos.
Tal processo de produzir através de um fazer compartilhado não separa aquele que sabe daquele que veio ajudar e aprender fazendo. Todos e cada um têm o seu papel reconhecido no processo de produção, – não existe uma hierarquia pré-definida e não há alguém que é o “mestre” e ensina a um outro que se submete para aprender. Mestre é todo aquele que se dispõe a compartilhar com a comunidade suas habilidades e seus conhecimentos acerca de um fazer. Também não há uma obrigação de permanência, de horários a cumprir, durante o processo construtivo, nem uma ordem pedagógica ou cronológica sequenciada para a transmissão de um conhecimento. Cada um pode chegar e sair quando lhe aprouver. Cada um pode atuar no processo como se sentir melhor, se dispondo a fazer junto ou apenas observando aquele que faz.[2]
Os Xakriabá, enquanto uma configurada “comunidade de diferentes”, um singular “domínio étnico”[3] de sujeitos que se encontram no tempo próprio da “vadiagem” de cada um, “arquivam” o conhecimento compartilhado por todos/as através de pinturas estampadas nas paredes de suas casas de “enchimento” (modo local de se referir a técnicas construtivas de taipa de mão ou pau a pique). Plantas, animais ou “objetos” encontrados no território, recortes da paisagem, espécies extintas que um dia fizeram parte da vida comum, helicópteros vistos no céu…, – são todos motivos por serem representados através dessas pinturas, e por eles nomeados como “pintura de toá”. Trata-se de uma manifestação singular de caráter narrativo/presentativo acerca de um saber que se perpetua através da prática cíclica de um colecionar/estampar imagens “achadas” no território da existência comum desse povo.
O “toá”, propriamente, são torrões de pigmentos terrosos diversos, de cores variadas, apropriados por uma colheita praticada (normalmente pelas mulheres e crianças das aldeias) ao longo dos barrancos, à margem dos leitos dos ribeirões secos das suas terras habitadas. Uma vez feita a coleta do “toá”, os torrões são separados por cores, cuidadosamente pilados e usados na produção das pinturas que materializam, encarnam, compartilham e arquivam um saber/existir singular acerca das “coisas” que os cercam. Tais pinturas, representativas desses “objetos” capturados silenciosamente pelo olhar de cada um, são originadas de desenhos, antes sulcados com um graveto na superfície de barro da taipa, para depois serem preenchidos pelos pigmentos de “toá” com os dedos, com pequenos artefatos feitos de algodão ou com penas de animais, e que assim cobrem a superfície das paredes de suas casas. Todo ano, todo esse mesmo processo de produção se repete, – pois a pintura de “toá”, feita com pigmentos puros (sem misturar um pigmento com o outro) e sem nenhum tipo de fixador agregante, se desfaz a cada nova temporada de chuvas. As pinturas da “coleção” retratadas nas paredes são literalmente lavadas pelas chuvas que costumam acontecer apenas uma vez por ano nesta região do sertão árido do Brasil.
Com as chuvas, a cada novo ciclo anual, as paredes da casa precisam ser “barreadas” outra vez com a “tabatinga” (argila branca bastante plástica e fina), – processo que garante a renovação da edificação, preenchendo buracos originados pela degradação causada naturalmente pelo rigor do clima e pela fragilidade do material das paredes. O frágil material construtivo das paredes é afetado pelo sol intenso e pelas chuvas, e a necessária manutenção anual também protege os habitantes dos barbeiros de Chagas (insetos que propagam a doença de Chagas) naturais dessa região e que se alojam habitando e se multiplicando nas frestas das casas construídas. O “barreamento” com a “tabatinga” prepara as paredes para receberem outras e novas pinturas de “toá”, – que se misturam, acrescentam, recuperam ou se sobrepõem às antigas pinturas. Ritual que se repete rememorando os “saberes” tradicionais através da preservação e da renovação dessa singular “coleção” de imagens estampadas nas casas. Trata-se da produção de um “arquivo” replicado e renovável, que se caracteriza por representações materializadas através do “toá”. Uma “coleção” originada por um recorte parcial acerca de “coisas” de interesse colecionadas por diferentes olhares acerca do território cotidiano de existência. Um ritual que preserva a “memória” de animais, rios, coisas, paisagens, vegetais, acontecimentos e de toda uma presença material visível nas terras Xakriabá, e também da “memória” inventada de seres imaginários ou já extintos e que, desse modo, preservam o conhecimento dessas existências presenciadas por uma geração anterior, – então transmitidas para as futuras gerações.
As paredes de barro, pintadas e renovadas anualmente com os pigmentos de “toá”, são uma continuidade inseparável da constituição do solo das terras Xakriabá. Um mesmo território que se configura como um palimpsesto e que, se cuidadosamente raspado, nos revela camadas e camadas comuns de outras existências materiais anteriores. Para o historiador de Genebra André Corboz, cada território depende do dinamismo dos fenômenos de formação e produção contínua do seu significado. Cada território é um “arquivo” único…, e daí a necessidade de “reciclar”, de raspar diversas e mais uma vez (mas com o maior cuidado possível) o velho texto que cada existência, que cada geração anterior presente escreveu sobre o insubstituível material dos solos, a fim de depositar um novo signo que responda às necessidades de um antigo hoje, antes de ser por sua vez revogado. Não há território sem a construção/produção do imaginário do território.
A possibilidade de imaginar as paredes de barro das casas dos Xakriabá pintadas com o “toá” (enquanto uma continuidade inseparável do território habitado de suas terras) nos anuncia o próprio solo apropriado como um “arquivo” continuamente trabalhado e, portanto, sempre “presentificado” pelos habitantes do lugar. Um tipo de “arquivo” que não dissocia o “passado” da “experiência” cotidiana vivida, arquivamento que se faz deslocado da prática arquivista que se associa a uma certa “naturalização do esquecimento” (prática relacionada ao arquivamento produzido pelo “homem moderno”), e também sem a necessidade do artifício de “cultuar” para pacificar o passado…[4]
O “arquivamento” vivo em palimpsesto produzido através das pinturas Xakriabá nas paredes de terra das suas casas é feito coletivamente, sem a necessidade de identificação, como já fora dito, de uma autoria individual de quem produziu ou “coletou” as imagens estampadas. As escolhas dos recortes temáticos ou do que imprimir nas paredes são efeitos de sedimentações de acasos e de movimentos do tempo próprio à cosmogonia da existência do povo Xakriabá. Não se trata de uma ação sistematizada para a produção de um conhecimento legitimado, preservado e guardado através de sua materialidade resguardada. Tal arquivamento contínuo, inabarcável e interminável de imagens, imagens que esmaecem e se perdem com o passar cíclico do tempo, se dá de modo “silencioso”, – muito próprio ao jeito Xakriabá de produzir as coisas desejadas e necessárias à vida[5]. Trata-se de uma potência performática, repetida e ritual que se dá sem alarde. Parte de um cotidiano comum e compartilhado entre todos e todas no dia após dia da existência. O “arquivo” desses olhares, coleções de fragmentos retratados nas paredes, não carece de uma aura monumental nem de uma guarda específica para a sua manutenção, – é parte de uma colheita e de um arquivar cotidiano que se faz e se desfaz nas paredes das casas que os Xakriabá habitam. Ao contrário de fotografias guardadas no fundo de nossas gavetas ou dos “arquivos públicos”, ou dos objetos resguardados e expostos em nossos museus, sem também a necessidade de uma unidade e coesão temáticas, as pinturas nas paredes, representativas de um registro ao acaso produzido pelo olhar silencioso dos Xakriabá são impressões que, do mesmo modo que tendem definitivamente ao esmaecimento de suas formas e cores, são sempre renovadas em um processo cíclico de sobreposição de outros olhares, retratando outros “objetos” estampados por novas pinturas e por gerações de habitantes mais novos chegados ao território. Arquivar para os Xakriabá não é “matar” nem condenar ao “esquecimento”, nem petrificar fora da vida os “objetos” retratados e arquivados.
Retornando à pergunta inicial que motivou a escrita de tal ensaio, diferente da crítica e do argumento de Flusser acerca da produção de “objetos”, o “arquivo” Xakriabá não “impacta” nem “obstrui” o caminho para as novas gerações…, – a “coleção” dos “objetos” colecionados por eles se desfaz e retorna ao solo/terra naturalmente a cada novo ano. A presença esmaecida, com o passar do tempo, das pinturas de “toá” nas paredes das casas instiga e garante que os mais jovens retomem tal prática, renovem e possam aprender e continuar a pesquisa acerca das “coisas” existentes no território de vida comum. Desse modo os Xakriabá produzem uma “memória” viva acerca dos “objetos” constituídos, aparecidos e necessários à vida cotidiana. Tal prática mantém atento o olhar sobre a presença de “objetos”, da flora e da fauna que compartilham com eles/elas de uma mesma existência no território, e de uma “memória” acerca das plantas e animais que já existiram e que hoje se encontram extintos ou desaparecidos.
Observação: agradeço imensamente a Ana Gandum pela leitura cuidadosa do ensaio, pelas sugestões e referências preciosas encaminhadas durante o processo de feitura dessa escrita.
ensaio dedicado às Mestras XAKRIABÁ da pintura de TOÁ
D. Libertina, D. Lurdes, D. Rosa, D. Isabel, D. Ana e D. Bilú
Notas
[1] Ver desdobramentos do conceito de “interespecífico” e das relações entre espécies que referenciam uma filosofia pautada pela “metamorfose”, – em Emanuele Coccia, Metamorfoses, 2020.
[2]Ver vídeo gravado com as Mestras Xakriabá: D. Lurdes, D. Rosa e D. Isabel, no outono de 2018. Saberes Tradicionais: Cosmociência, Culinária e Construção Xakriabá, – https://www.youtube.com/watch?v=R-gyBKrw0ps
[3]Ver desdobramentos do conceito de “domínio étnico” cunhado por Suzanne Langer acerca da definição de uma arquitetura constituída em nome de uma existência/fazer comum, – páginas 99-109 em Sentimento e Forma, 1980.
[4]Assim como referenciado no ensaio publicado pelo pesquisador Maurício Lissovsky, Quartro + uma Dimensões do Arquivo.
[5]Ver os desdobramentos e conceitos trabalhados por Didi-Huberman em Atlas e a Gaia Ciência Inquieta, 2013.
Bibliografia
Coccia, Emanuele. Metamorfoses. 2020. São Paulo: Editora Dantes.
Corboz, André. Le territoire comme palimpseste et autres essays. 2001. Besançon: Editions de l’Imprimeur.
Didi-Huberman, Georges. Atlas ou a Gaia Ciência Inquieta. 2013. Traduzido por R. C. Botelho e R. Pires Cabral. Lisboa: KKYM + EAUM.
Flusser, Vilém. O Mundo Codificado. 2007. Cosac Naify.
Haff, Peter K. Purpose in the Anthropocene: Dynamical role and physical basis, Anthropocene, vol 16. 2016. [10.1016/j.ancene.2016.07.002] [abs].
Haff, Peter K. Being human in the Anthropocene, The Anthropocene Review, vol 4 no. 2. 2017. [10.1177/2053019617700875] [abs].
Kopenawa, Davi. Albert, Bruce. A Queda do Céu: Palavras de um Xamã Yanomami. 2015. São Paulo: Cia das Letras.
Krenak, Ailton. O Amanhã Não Está à Venda. 2020. São Paulo: Cia das Letras.
Langer, Susanne. Sentimento e forma. 1980. São Paulo: Editora Perspectiva.
Lissovsky, Maurício. Quatro + uma Dimensões do Arquivo, publicado em Mattar, Eliana. (Org.). Acesso à informação e política de arquivos. Rio de Janeiro, 2004, p. 47-63.