Os objetos dos “propósitos” como técnicas da crença evangélica em Portugal: “Quando os objetos que emanam do terreno transformam a investigação”

Introdução

Cartelas e calendários, lenços e fitas com dizeres, algodão, mini cajado e algodão ungidos de óleo, garrafas d’água santa, pó quebra-feitiço, lanterna da vigília da luz e travesseiro abençoado: estes são alguns dos objetos que veiculam os chamados “propósitos” ou “campanhas/correntes da fé” no campo das igrejas evangélicas brasileiras. Tais artefactos apresentam uma particularidade no caso dos movimentos neopentecostais: eles substituem as imagens santas e representações divinas que são consideradas como artefactos de idolatria. Assim, na liturgia iconoclasta neopentecostal, a força das imagens é substituída pela performatividade das palavras, dos corpos possuídos e dos objetos animados (ver figura 1).

Coletados em diferentes sedes da IURD estes objetos ilustram os principais “propósitos” distribuídos aos fiéis nos centros de ajuda, na igreja de Alameda e no templo de Chelas. Da esquerda à direita, vemos: um saco plástico onde deve-se guardar uma peça de roupa do familiar a ser salvo de uma doença ou “desvio”; um cofre sob a forma de pão no qual deve-se colocar diariamente e durante 4 meses moedas e notas que serão entregues como dízimo no natal; algodões ungidos de óleo que devem ser passados sobre a área do corpo que necessita de cura; uma cruz e um cajado miniatura repletos de óleo e destinados espantar o “mau-olhado” e abençoar entes queridos; dois saquinhos com pó vermelho e sal usados como “quebra-feitiços”; um porta cartão de plástico, no qual deve-se colocar o cartão bancário que será “abençoado” em vista de uma maior prosperidade financeira; a água santa e o pergaminho sagrado que são levados à Israel no natal em nome dos fiéis.

Encontrados durante uma investigação no terreno de três igrejas instaladas em Lisboa, estes objetos animados transformaram o percurso de nossa etnografia e constituíram-se como o principal objeto de análise no âmbito de um estudo sobre as técnicas do crer (Luca et al., 2019). Pautados numa imersão etnográfica (observação participante) nas igrejas Universal do Reino de Deus (IURD), Internacional da Graça de Deus (IIGD) e Mundial do Poder de Deus (IMPD), desenvolvemos uma análise semiótica do conjunto destes objetos que materializam e atuam na mediação divina encarnada na figura de Jesus Cristo. Buscamos assim compreender os papéis desempenhados por estes objetos que tornam tangível o invisível religioso no seio de uma prática litúrgica marcada pela dimensão iconoclasta.¹
Com base nestas constatações, iniciamos o terreno nas igrejas de Lisboa com a expetativa de estudar os valores (material e imaterial, simbólico e prático) que as técnicas do (fazer/querer) crer adquirem no curso das interações do ritual religioso. Para tal, definimos três conjuntos de técnicas a serem analisadas: (1) as práticas corporais e verbais (gestos, danças, glossolalia, imposição das mãos, orações, testemunhos, pregação, louvor, apelo, bênção); (2) os objetos litúrgicos (cruz, candelabro, bíblia, água santa, gotas de óleo, envelope dos dízimos e ofertas); (3) as produções midiáticas (jornais, revistas, sites, programas televisivos e radiofónicos).
Dentre os objetos litúrgicos, foi a descoberta dos objetos animados das “campanhas” ou “correntes” da fé que transformou o curso da investigação. A partir deste encontro, abandonámos a ideia de estudar o conjunto das técnicas listadas e passámos a focar a análise da produção e dos usos desses objetos mundanos investidos de valor performativo. Assim, para a presente contribuição, buscamos restituir tal encontro sob a forma de uma narrativa etnográfica e analítica sobre os objetos de uma religião material encontrados em nosso terreno de investigação.
Do Brasil a Portugal, a circulação destas técnicas do crer suscita questões sobre as reapropriações das práticas religiosas nesta transferência sociocultural transatlântica. Se tais técnicas se inscrevem no centro sistema semiótico próprio aos grupos neopentecostais brasileiros que pregam conversão dos fiéis dos cultos afro-brasileiros (candomblé, umbanda), cabe interrogar como estas são reconfiguradas no contexto português.

Quais são as semelhanças e singularidades das técnicas mobilizadas em Portugal em relação à sua matriz brasileira? Como essas técnicas se relacionam com outras práticas religiosas? Como elas respondem à recusa de imagens e representações que caracteriza a dimensão iconoclasta neopentecostal?

Para responder a estas questões, nosso método de pesquisa etnográfica consistiu em uma imersão (observação participante) no terreno das igrejas – também chamadas de templos ou centros de ajuda -, mencionadas durante três meses, incluindo: a observação diária das “reuniões” em cada uma das igrejas; a realização de 6 entrevistas com pastores e fiéis; a coleta do material de comunicação (textos, brochuras, livros, filmes) disponibilizado aos fiéis ou à venda nas igrejas e suas livrarias² e, por fim, uma pesquisa documental do jornal Folha Universal/Folha de Portugal na Biblioteca Nacional.
Do ponto de vista teórico, o estudo inscreve-se no campo de pesquisa de mídia e religião e na área de investigação subjacente voltada para o estudo da cultura material ou da religião material (Meyer, 2012). Como postulado deste campo teórico, assumimos que a religião e a crença são inerentes e necessariamente entrelaçadas aos corpos, objetos e instrumentos que constituem tantas mediações ou mídias entre os regimes encarnados e os mundos imaginários que constituem o cristianismo neopentecostal. Tal postura epistemológica – traduzida nas máximas de Bruno Latour (2009) “nós criamos as coisas que nos criam” e de Amy Whitehead (Morgan, 2015) “performance é tecnologia” – nos conduz a pensar de forma complexa as superposições entre tecnologia, magia, crença e religião. Assim, dentro do universo semiótico que engloba os atores, as práticas e os objetos litúrgicos, consideramos os últimos como elementos de uma religião material que condiciona a performatividade das técnicas da crença neopentecostal (Orsi, 2011; Zito, 2011).

Quando o contexto reconfigura o terreno: as “campanhas da fé” de fim de ano

O contexto temporal do terreno realizado, entre setembro e dezembro de 2017, é um fator incontornável à compreensão do nosso percurso de investigação. Se as “correntes da fé” são continuamente promovidas ao longo do ano, estas adquirem uma importância acrescida nos meses que antecedem o natal e o réveillon. Cada pedido ou promessa de fim de ano feita pelos fiéis corresponde a um “propósito” específico que se estende por semanas ou meses e cuja realização é condicionada pela quantia de dinheiro ofertada.
Os fragmentos de discursos reproduzidos abaixo e proferidos pelos pastores da IURD durante algumas “reuniões” na sede da igreja de Alameda ilustram os valores simbólicos e práticos que os “propósitos” adquirem no período das festas cristãs.

“Até o fim do ano vocês têm que acabar com suas dívidas, se não o ano começa mal. O ano de 2017 não acaba sem resolvermos tudo. Temos 9 semanas pra vocês começarem 2018 vitoriosos!”
“O fim de ano é o momento das promessas, propósitos, sonhos e realizações. Portanto, é também a época mais carregada de trabalhos feitos pelo diabo. Para proteger-nos, temos de seguir à risca os propósitos. A campanha de Israel começa muito em breve e os pastores vão à Israel orar por nós”.
“Entramos agora na época com mais bruxarias do ano. Vemos comidas, joias e todo tipo de riqueza nas ruas e encruzilhadas. No Brasil, tem gente que coloca o carro num barco pra oferecer à Iemanjá. Então, agora mais do que nunca, temos de combater este tipo de bruxaria. Vamos ficar atentos, pagar dízimos, fazer ofertas e multiplicar as correntes pra ficarmos blindados”.

Repetida em uníssono nas três igrejas estudadas, a ideia de que o fim de ano é um período particularmente propício às “campanhas da fé” permite perceber como os objetos dos “propósitos” que emanaram do terreno tornaram-se rapidamente nosso objeto central de análise (ver figura 2), reconfigurando o enfoque de nossa imersão de terreno.

Coletados na IURD, estes folhetos se destinam à realização de pedidos e promessas de fim de ano. Os pastores orientam os fiéis a escreverem o que “deve ficar para trás” em 2017 e o que desejam realizar em 2018. A materialização destes desejos se inscreve numa lógica maniqueísta que opõe “maldição-feitiço-inferno” à “bênção-luz-purificação”.

De fato, quando iniciámos a investigação, tínhamos dois objetivos em vista: (1) identificar as reapropriações e os ajustes das técnicas do crer no âmbito do translado do Brasil a Portugal, (2) examinar as questões culturais, sociais e, mesmo, políticas subjacentes à circulação dos objetos e das práticas do ritual neopentecostal em contexto lusófono. Por meio desta análise semio-antropológica, buscávamos compreender o papel do conjunto de técnicas do crer (corpo, objetos, dispositivos) na manifestação e na propagação da crença evangélica.
No entanto, ao longo da observação etnográfica, a imensa quantidade de objetos produzidos no contexto das “campanhas” de fim de ano se impunha como um corpus de análise considerável e incontornável. Em apenas um mês de observação, tínhamos coletado mais de 40 artefactos ou objetos “fe(i)tiches” (Latour, 2009) usados como mediadores dos pedidos e das promessas realizadas pelos fiéis na virada do ano. Em conversas informais com os fiéis, eles contam que vão à igreja somente nos dias necessários para dar sequência aos “propósitos” realizados. Nas três igrejas investigadas, compreendemos que a frequentação das “reuniões” está diretamente ligada às temáticas dos cultos semanais (sucesso financeiro, saúde e cura, bem-estar familiar, terapia do amor, “libertação”, “descarrego” e “salvação”).³
Ao observar que uma senhora idosa frequentava as três igrejas estudadas, por vezes em bairros diferentes, descobrimos que a razão se encontrava justamente nos “propósitos”: “Vou sempre à igreja mais próxima porque tenho muita dor nas ancas, tenho dificuldade de andar e preciso dar continuidade às correntes da cura. Eu sigo os propósitos de todas as igrejas, sobretudo às terças-feiras, dia da saúde. Aparentemente a menina faz a mesma coisa, não é?”, me pergunta a fiel com um certo tom de ironia.
Nas entrevistas com os pastores, compreendemos que a maior parte dos objetos que veiculam as “correntes da fé” é elaborada no Brasil e exportada para Portugal e outros países lusófonos. De fato, lembramos de ter visto alguns destes “propósitos” aquando de uma pesquisa que realizamos sobre a IURD do Rio de Janeiro em 2006. Agora, no balcão de um café ao lado da igreja da IURD de Alameda, em Lisboa, em 2017, um pastor desta igreja nos explica que “os principais propósitos usados no Brasil (luzinha, unção, cartela, lencinhos, algodões) são exatamente os mesmos que encontramos em Portugal e em toda Europa, enquanto outros (pão-cofre, consagração conta bancária, sal etc.) são produzidos pelos pastores de um pequeno centro de ajuda e não circulam muito.”
Este fenômeno de transnacionalização dos “propósitos” é também observado no caso da IIGD e da IMPD, que recebem ou reproduzem os mesmos objetos elaborados em suas sedes nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo respectivamente. Curiosamente, alguns destes objetos (cartelas, digital do dedo, lanterninha, migalhas de pão, algodão ungidos) são similares ou idênticos àqueles identificados na IURD (ver figura 3). Esta observação atesta a transversalidade da produção e do uso dos “propósitos” no campo do neo-pentecostalismo brasileiro, cujas igrejas são maioritariamente fundadas por pastores dissidentes da IURD, tal como as igrejas estudadas.

Coletados na sede da IMPD em Lisboa, estes objetos reproduzem muitos dos “propósitos” encontrados na IURD, tais como: as cartelas destinadas à realização dos pedidos de fim de ano (justiça, vitória, sorte) e contra a “maldição”; a lanterninha da luz usada na vigília de natal e de réveillon; o lenço e a pulseirinha da bênção e, por fim, o travesseiro sobre o qual deve-se depositar os bons pensamentos e os sonhos para o ano de 2018.

Paradigmas da circulação transnacional das técnicas do crer

Quando analisamos mais especificamente o valor e os papéis desempenhados pelos objetos que veiculam as “correntes da fé”, identificamos três paradigmas que sustentam o fenômeno de transnacionalização das técnicas do crer: a figura de Jesus Cristo, o sincretismo religioso e a lógica capitalista.

Segundo o primeiro destes paradigmas, a circulação transnacional dos “propósitos” se justifica pelo fato de que, segundo os pastores e fiéis entrevistados, a figura de Deus é omnipresente e omnisciente. Tal como sinaliza o painel escrito em letras douradas no ponto mais alto do altar da IMPD: “Deus é o mesmo hoje e sempre”. Um dos pastores desta igreja explica que “o único espírito que existe é o Espírito Santo. Como só há um Deus e ele é o mesmo no mundo inteiro”, os objetos que materializam a crença no espírito santo são igualmente similares. Mais categórico, um pastor da IURD lembra que embora “muita gente creia em vários deuses, como na Índia ou como no Brasil, Deus é único e o atingimos invocando o nome de Jesus, o único e verdadeiro Espírito Santo”. Em uma conversa informal no comboio, na saída de um culto da IURD, uma crente inverte a causalidade lógica deste paradigma ao dizer que “as campanhas são iguais em todas as IURDs, o que mostra que o poder de Jesus está por todos lados”.

Ora, se os “propósitos” são assim concebidos sob a figura totalizante de Jesus Cristo, vale ressaltar uma diferença entre “campanhas” de fim de ano da IURD e da IMPD: enquanto os pastores brasileiros da IURD se dedicam à campanha de Israel, se apresentando como mediadores dos fiéis ao levar seus “propósitos” (dízimos, ofertas) para a Terra Santa, os pastores portugueses da IMPD vão à Serra da Estrela levar um manto marcado com as digitais dos fiéis. “Vou subir ao monte e lá em cima do ponto mais alto de Portugal, vou levantar aos céus este manto para pedir justiça a todos aqui presentes, em visas famílias, lares, trabalho e vida amorosa”, afirma um pastor da IMPD, que dentre as igrejas estudadas é a que apresenta o maior número de pastores e fiéis portugueses. Observamos assim como a reapropriação das técnicas da crença neopentecostal de matriz brasileira passa por ajustes no contexto português.

O segundo paradigma que sustenta a circulação transnacional das “campanhas da fé” constitui-se sob o signo do sincretismo. Na IURD e na IMPD, os “propósitos” reproduzem os objetos do catolicismo popular e dos rituais afro-brasileiros, tal como a umbanda e a macumba. Observamos assim, em nosso terreno, como os mesmos objetos dos chamados “trabalhos” da magia branca ou negra são reapropriados como “propósitos” das “correntes da fé” neopentecostais. Alguns exemplos são as mensagens ou dizeres escritos/gravados em papéis ou panos que são colocados embaixo da toalha da mesa de comer, bem como o “pó abre caminho” da macumba que, traduzido como “pó quebra-feitiço”, é colocado na comida, na roupa ou na entrada da casa para afastar o mal-olhado ou a bruxaria. Além disso, notamos que os pastores recomendam que os “propósitos” sejam realizados às escondidas, reproduzindo assim uma prática comum à umbanda e à macumba que historicamente foram objetos de preconceitos e interditos sociais.

Esta passagem do discurso de um pastor da IURD ilustra o sincretismo das técnicas da crença neopentecostal e a maneira como estas são resultado de um duplo movimento de reprodução e diferenciação dos rituais afro-brasileiras:

Deixa eu falar um negócio pra vocês. Tem muita gente aqui que está no erro. Sabe por quê? Porque vem, pega o propósito e acha que está protegida, mas se você não habita em Deus, não adianta! Não adianta nada levar o cajado pra casa e colocar em cima da mesa com todos os outros propósitos recebidos como se fosse um altar, como na igreja católica cheia de santo, ou como um congá. Vocês sabem o que é isso? O altar na macumba! Os dois são iguais, se equivalem porque é do corpo pra fora, são objetos de idolatria. Não adianta nada! O que conta é o que você carrega no interior, se você não está com Deus, não vão ser estes objetos que vão te salvar.

Categórico, este discurso mostra como a apropriação de práticas religiosas de matriz brasileira e africana, incluindo catolicismo popular e os rituais xamanistas ou espiritistas, passa por reajustes necessários à sua adequação à dimensão iconoclasta da semiótica neopentecostal que recusa o uso dos “propósitos” como objetos de idolatria.

Por fim, a transnacionalização dos objetos que veiculam as “correntes da fé” constitui-se sob a lógica capitalista que configura o terceiro e último paradigma estudado. Todos os “propósitos” produzidos pelas igrejas investigadas estão ligados à arrecadação de dinheiro dos fiéis sob a forma de dízimos ou de ofertas que servem como provas tangíveis da crença dos fiéis. Estes objetos materializam a relação que os fiéis entretêm com as figuras divinas (Jesus Cristo ou Espírito santo) na medida em que veiculam pedidos dos fiéis e viabilizam sua realização em função da quantia de dinheiro ofertada.

Como ilustra este excerto do discurso de um pastor da IURD, a prática e a crença religiosa neopentecostal está fortemente ancorada sobre a lógica económica:

Existem diversos tipos de sacrifício – material, espiritual, sentimental – e vocês estão de acordo comigo que o mais fácil de renunciar é o material? É mais fácil deixar oferta aqui no altar ou entregar seu carro pra fogueira santa do que perdoar aquele parente ou amigo que te magoou, que te fez mal, não é? Então, continuem fiéis a Deus, continuem ofertando e fazendo sacrifícios pois Deus continuará vos abençoando.

Num pequeno centro de ajuda desta mesma igreja, escutamos a fala categórica de um pastor que ilustra a importância do arrecadamento financeiro ligado aos “propósitos” quando afirma: “O propósito que você pegou aqui no centro é pra voltar pra cá, não vai deixar lá no Império não”. Quando pergunto quanto devo dar de oferta no âmbito do propósito da lanterna da vigília da luz, o pastor me responde: “Tudo depende do quanto você tem. O importante é dar tudo o que possa, pois Deus sabe quanto você tem, então é com ele que você tem de prestar contas.”

Conclusão

Encontrados durante nossa investigação etnográfica, os objetos fe(i)tiches que veiculam os “propósitos” no campo do neopentecostalismo lusófono constituem-se, portanto, como técnicas do (fazer/querer) crer ou artefactos de uma religião material que condicionam a performatividade da crença evangélica segundo uma lógica inextricavelmente técnica, capitalista e divina.

Notas

¹ Esta pesquisa foi realizada no departamento de Antropologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa), entre setembro e dezembro de 2017, no âmbito de uma bolsa pós-doutoral (bolsa de mobilidade) da Fondation Maison des Sciencres de l’Homme (FMSH-Paris).

²  Dois locais merecem aqui nossa atenção: a Editora CPAD (do homônimo brasileiro “Editora das Assembleias de Deus”) e Livraria CAPU. Estas “livrarias-lojas”, localizadas na avenida Gago Coutinho, vendem livros, CDs e DVDs de música gospel, bem como material litúrgico para membros de igrejas e fiéis.

³ Notamos o mesmo calendário temático dos cultos semanais nas três igrejas estudadas:  às segundas-feiras, o “congresso para o sucesso” (prosperidade financeira); às terças, o dia da saúde e da “cura”; às quartas-feiras, o dia da família; às quintas-feiras, a “terapia do amor” (orientações sobre a vida sentimental); às sextas-feiras, as chamadas sessões de “libertação” e “descarrego” (exorcismo e cura espiritual); aos sábados, o “dia jovem” e, por fim, aos domingos, a orações de “salvação da alma” e a “busca do Espírito Santo”.

Bibliografia

Latour, Bruno. 2009. Sur le culte moderne des dieux faitiches, suivi de Iconoclash. Paris : La Découverte.

Luca, Nathalie, Beaulieu, Marie-Anne P., Bigg, Charlotte, Capone, Stefania et Wanono, Nadine. 2019. Introduction. Les techniques du croire et du faire croire. Paris : Éditions de l’EHESS, pp. 11-25.

Meyer, Birgit. 2012. Mediation and the Genesis of Presence: Towards a Material Approach to Religion. Utrecht: Utrecht University Publications.

Morgan, D. et al. 2015. “On the Agency of Religious Objects: A Conversation”. Material Religions, octobre.

Orsi, Robert. “Belief”. 2011. Material Religion: The Journal of Art, Objects, and Belief, 7 (1).

Zito, Angela. “Body”. 2011. Material Religion: The Journal of Art, Objects, and Belief, 7 (1).