Do Fragmento

Na ânsia da busca do sentido, a narrativa é a máquina por excelência que confere sentido à experiência, ao vivido e, até, ao imaginário. Ela é mesmo a máquina que combate a “ameaça de fragmentação”, na expressão de David Carr. A fragmentação é vista pela doxa como uma ameaça: ameaça ao contínuo temporal, ameaça à duração, ameaça à existência como um dado uno e teleológico. É que o sentido releva destas dimensões: a unicidade, a continuidade, a teleologia, a totalidade. Tal como a atmosfera, a doxa tem horror ao vazio. Ora, o fragmento é quebra, cisão, fissura. Há um carácter disruptivo no fragmento que advém da perda de sentido, do seu carácter lacunar, intervalar. É silêncio no contínuo da linguagem em acto. A incompletude de que fala Novalis, ele mesmo escritor de Fragmentos, quando diz:

“C’est sous la forme du fragment que l’incomplet apparaît encore le plus supportable – et ce mode de communication est donc à recommander à celui qui, sans être au point vis-à-vis du tout, possède cependant des vues isolées qui méritent d’être proposées.”

Nesta perspectiva, o fragmento releva da incompletude que, mesmo assim, merece ser tida em conta como porção de sentido. O fragmento é entendido ainda como visando um sentido inacabado. Há, haveria nele uma aspiração latente à totalidade. Este carácter fragmentário que todavia aspira à totalidade do sentido estaria próximo do aforismo como topos.

Com efeito, o aforismo define-se tradicionalmente como uma proposição ou conjunto de proposições que encerram uma grande quantidade de sentido em poucas palavras. É, portanto, um pensamento conciso que traduz um grande poder de condensação.

Um texto composto de aforismos, por exemplo uma recolha de máximas, pode ser comparável, num primeiro momento, ao texto fragmentário mas, verifica-se, no entanto, que cada aforismo é fechado sobre si, impõe os seus próprios limites, constituindo um todo de sentido ou constituindo-se como um todo de sentido.

Nos antípodas desta lógica encontra-se o fragmento ou texto fragmentário já que, face a ele, não é possível falar de totalidade pois ele incorpora a falta. O fragmento é um texto deixado aberto, incompleto. Não condensa o pensamento, quando muito, dispersa-o. A cadeia significante é interrompida até mesmo ao nível predicativo. O fragmento interrompe a ordem do tético suspendendo mesmo o carácter assertivo dos enunciados. O texto fragmentário é sobretudo um texto que transgride o regime sintáctico. A asserção é antes de mais uma figura sintáctica. A ruptura sintáctica explora o regime fragmentário criando-lhe labirintos de não-dito. A cadeia quebra-se, eis o fragmento. Paradoxalmente então, é quando a cadeia sintáctica se interrompe no texto que ele toma a forma da escrita. Ou, o que é o mesmo, a escrita surge aquando da interrupção da fala, da cadeia falante, do discurso ininterrupto da doxa, da constante asserção aforística.

A cadeia quebra-se e o próprio acto de produção da escrita surge aí, nessa interrupção. É que o texto fragmentário releva da escrita enquanto processo, por oposição ao sentido produzido. É fragmentário qualquer texto que abre a sua trama ao silêncio, à pausa, ao espaçamento a-sígnico. Em contrapartida, o discurso aforístico não integra o silêncio ou o corte da cadeia significante, já que, como unidade, ele é totalidade.

Há que considerar dois planos em que a ruptura se dá: a ruptura do espaço – a pausa, e a ruptura do tempo – o silêncio. O aforismo é o espaço fechado que forma uma totalidade inscrita para dentro dos seus limites. O fragmento é um espaço aberto, espaço lacunar, que, rompendo os limites do dito, integra nele necessariamente o não-dito, o resto que sempre sobra, o informulado, o impensado, o inominado.

Por outro lado, a escrita fragmentária obriga por sua vez a pensar a temporalidade do texto. Se há, como se viu, um corte ao nível da linearidade espacial, este corte é paralelo àquele que se verifica na continuidade temporal. Mas esta interrupção temporal investe o texto a um nível muito mais profundo. O fragmentário não se limita a interromper o tempo, ele transgride as suas próprias leis, a sucessividade, a duração. Como diz Maurice Blanchot definindo o acto de escrita: “Écrire c’est se livrer à la fascination de l’absence de temps” (1978). A concepção de um tempo descontínuo coloca o instante como realidade por excelência, transformando a duração numa soma de momentos. O tempo percebido como descontínuo cria buracos, vazios perturbadores e desestabilizadores de sentido. A descontinuidade tem, por isso, de ser pensada topologicamente também ela, numa verticalidade onde os momentos se sobrepõem e não na horizontalidade da sua combinação linear.

Avesso à continuidade ininterrupta do fluxo do tempo no aforismo, o fragmentário integra os abismos do entredito e mesmo do interdito, nos silêncios que criam rupturas na linguisticidade contínua da fala. Abre brechas desenhando uma temporalidade outra na escrita. Não se trata tanto de uma apropriação do não-dito que conduziria dessa forma o fragmento a ser uma sobre-totalidade de sentido, mas a inscrição do entredito como momento não simbólico, não linguístico: o mutismo por intermitência, mas também a repetição como retorno do mesmo enquanto já outro. Ladainha, cantilena, murmúrio, indecibilidade.

Para além das alterações no regime espacio-temporal que o fragmentário introduz, há uma clivagem decisiva entre o fragmentário e o aforístico que incide no sujeito da escrita.

Na sua relação ao todo, o aforismo não pode senão ser determinado por um tipo de sujeito do enunciado. O sujeito impessoal que apaga o sujeito da enunciação. O sujeito impessoal é um não-eu que abole o sujeito da enunciação reduzindo-o a zero. O aforismo anula a enunciação para que a verdade se dê como total. Assumido por um sujeito universal, o sujeito da verdade, o aforismo recusa o fragmentário no que este releva da assunção da instância enunciativa: a singularidade precária do acidental, o eu. Não uma pessoa, um indivíduo, mas a própria contingencialidade de uma instância singular: nem este nem aquele, mas algures, alguém. Podemos talvez ler desta forma uma outra afirmação de Blanchot:

“Dans la parole poétique s’exprime ce fait que les êtres se taisent. Mais comment cela arrive-t-il? Les êtres se taisent, mais c’est alors l’être qui tend à redevenir parole et la parole veut l’être. La parole poétique n’est plus parole d’une personne: en elle, personne ne parle et ce qui parle n’est personne, mais il semble que la parole seule se parle” (1978).

Uma fala sincopada, nas franjas do dito, como se a fala falhasse o dito, estivesse nas suas margens ou à margem.

Assim também do esquecimento, como ruptura do sujeito da consciência.

Ou o emprego do infinitivo, que coloca o dito fora do tempo, fora da situação particular de enunciação. Não aquele sujeito, mas qualquer um.

A pulverização do tempo e do espaço abrem para uma escrita cujo ritmo é caótico. Frases inacabadas; reticências; rupturas temporais.

Nesta senda, a escrita fragmentária liberta o leitor da linearidade imposta pelo texto acabado, fechado. A uma escrita fragmentária uma leitura fragmentária, descontínua, que não respeita a ordem do texto. Não há início nem fim, só meios e acasos:

Ao acaso, alguns fragmentos do Livro do Desassossego[i] de Bernardo Soares:

– “Pensar é destruir. O próprio processo do pensamento o indica para o mesmo pensamento, porque pensar é decompor.” (Inédito n°44; L.D.)

– “Tenho nauseas no pensamento abstracto. Nunca escreverei uma página que me revele ou que revele alguma coisa.” (Edição Petrus: 30).

– “Tenho gasto a parte da vida que não perdi em interpretar confusamente coisa nenhuma, fazendo versos em prosa às sensações intransmissíveis com que torno meu o universo incógnito. (…) Nuvens… São como eu, uma passagem des-feita entre o céu e a terra, ao sabor de um impulso invisível, (…) ficções de intervalo e do descaminho, longe do ruído da terra e sem ter o silêncio do céu.” (Edição Petrus: 34).

– “A razão porque tantas vezes interrompo um pensamento com um trecho de paysagem, que de algum modo se integra no schema, real ou suposto, das minhas impressões, é que essa paysagem é uma porta por onde fujo ao conhecimento da minha impotencia creadora/fecunda.” (Inédito nº 14, 2º fragmento, L.D.)

– “Este livro é a minha cobardia.” (Inédito nº14, 1º fragmento, L.D.)

– “Escrevo estas linhas, realmente mal notadas, não para dizer isto, nem para dizer qualquer coisa, mas para dar uma ocupação/trabalho à minha athenção. Vou enchendo lentamente, a traços moles de lapis rombo que não tenho sentimentalidade para aparar o papel branco de embrulho de sandwiches, que me forneceram no café, porque eu não precisava de melhor e qualquer servia, desde que fosse branco.” (Inédito nº 58, L.D.)

– “Sou uma prateleira de frases vazias.” (Inédito nº 127, de 22/8/31, L.D.)

– “Sinto isto porque não sinto nada. Penso isto porque isto é nada. Nada, nada, parte da noite e do silêncio e do que com elles eu sou de nullo, de negativo, de intervallar, espaço entre mim e mim, esquecimento de qualquer deus…” (Inédito nº 110a, de 8/9/33, L.D.)

– “Transuente de tudo – até de minha própria alma -, não pertenço a nada, não desejo nada, não sou nada – centro abstracto de sensações impessoais, espelho caído (…).” (Edição Petrus: 43)

– “Na prosa se engloba tôda a arte – em parte porque na palavra se contém todo o mundo, em parte porque na palavra livre se contém toda a possibilidade de o dizer e pensar. (…) Há prosa que dança, que canta, que se declama a si mesma. (…) E há também na prosa subtilezas convulsas em que um grande actor, o Verbo, transmuta ritmicamente em sua substância corpórea o mistério impalpável do Universo.” (Edição Petrus: 51-32)

– “Porque escrevo, se não escrevo melhor? Mas que seria de mim se não escrevesse o que consigo escrever, por inferior a mim mesmo que nisso seja? (…) não ouso o silencio como quem receia um quarto escuro.” (Inédito nº14, 3º fragmento, L.D.)

– “E eu, cujo espírito de crítica própria me não permitte senão que veja os defeitos, as falhas, eu, que não ouso escrever mais que trechos, bocados, excertos do inexistente, eu mesmo, no pouco que escrevo, sou imperfeito também.” (Inédito nº94, L.D.)

– “Durei horas incognitas, momentos sucessivos sem relação, no passeio em que fui, de noite à beira sòsinha do mar. Todos os pensamentos, que teem feito viver homens, todas as emoções que os homens teem deixado de viver, passaram por minha mente, como um resumo escuro da historia, nessa minha meditação andada á beira-mar. Soffri em mim, commigo, as aspirações de todas as eras, e commigo passearam, à beira ouvida do mar, os desassocegos de todos os tempos.” (Edição Petrus: 23)

– “Quanto morro se sinto por tudo! Quanto sinto se assim vagueio, incorporeo e humano, com o coração parado como uma praia, e todo o mar de tudo, na noite em que vivemos, batendo alto, chasco , e esfria-se no meu eterno passeio nocturno à beira-mar!” (Edição Petrus: 24)

– “Que desassocêgo se sinto, que desconfôrto se penso, que inutilidade se quero! (…) Estou farto de mim, objectiva e subjectivamente. Estou farto de tudo, e do tudo de tudo.” (Edição Petrus: 33, 34)

– “Nesta hora em que sinto até transbordar, quizera ter a malícia interna de dizer, o capricho livre de um estilo por destino. Mas não, só o céu alto é tudo, remoto, abolindo-se, e a emoção que tenho, e que é tantas, juntas e confusas, não é mais que o reflexo dêsse céu nulo num lago em mim – lago recluso entre rochedos hirtos, calado, olhar de morto, em que a altura se contempla esquecida”. (Edição Petrus: 40)

– “Lembro-me perfeitamente de que o meu escrupulo, pelo menos relativo, pela linguagem data de ha poucos anos. Encontrei numa gaveta um escripto meu, muito mais antigo, em que esse mesmo escrupulo estava fortemente accentuado. Não me comprehendi no passado positivamente. Como avancei para o que já era? Como me conheci hoje o que me desconheci hontem? E tudo se me confunde num labyrintho onde, commigo, me extravio de mim.” (Inédito nº 167, L.D.)

– “Mas ha mais alguma coisa … Nessas horas lentas e vazias, sobe-me da alma à mente uma tristeza de todo o ser, a amargura de tudo ser ao mesmo tempo uma sensação minha e uma cousa externa, que não está em meu poder alterar”. (Edição Petrus: 46)

– “(…) e o mar todo, vindo lá, rumoroso e fresco, do grande fundo de toda a noite, a estuar frio na praia, no decurso nocturno do meu passeio á beira-mar …” (Edição Petrus: 24)

– “Fez frio em tudo quanto penso. Não disse nada. (…) Amanhã também eu – a alma que sente e pensa, o universo que sou para mim – sim, amanhã eu também serei o que deixou de passar nestas ruas, (…). E tudo quanto faço, tudo quanto sinto, tudo quanto vivo, não será mais que um transeunte a menos na quotidianidade de ruas de uma cidade qualquer.” (Edição Petrus: 83)

– “Nada vale a pena, ó meu amôr longínquo, senão o saber como é suave saber que nada vale a pena…” (“Na Floresta do Alheamento”, Edição Petrus: 14-15)

– “E toda a falta de um Deus verdadeiro que é o cadaver vácuo do Céu alto e da alma fechada.” (Edição Petrus: 40)

– “Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, (…)”(Edição Petrus: 33)

– “Tenho a alma reduzida a uma meada atada, e o que sou e fui, que sou eu, esqueceu-se de seu nome. Se tenho amanhã, não sei senão que não dormi, e a confusão de varios intervallos põe grandes silencios na minha falla interna.” (Inédito nº 126, L.D.)

– “Sinto que eu não existiria, nesta hora – que não existiria, ao menos, do modo em que estou existindo, com esta consciencia presente de mim, que por ser consciencia e presente é neste momento inteiramente eu – se aquele candeeiro não estivesse acceso além, algures, pharol não indicando nada num falso privilegio de altura.” (Inédito nº 110, de 8/9/1933, L.D.)

– “Tudo quanto tenho tido é como este céu alto e diversamente o mesmo, farrapos de nada tocados de uma luz distante, fragmentos de falsa vida que a morte doura de longe, com seu sorriso triste de verdade inteira.” (Inédito nº 135, de 7/10/1931, L.D.)

– “Devaneio com o pensamento, e estou certo que isto que escrevo, já o escrevi. Recordo. E pergunto ao que em mim presume de ser se não haverá no platonismo das sensações outra anamnese mais inclinada, outra recordação de uma vida anterior que seja apenas vida…” (Inédito nº 167, L.D.)

– “Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indifferentemente a minha autobiographia sem factos, a minha historia sem vida. São as minhas Confissões, e, se nellas nada digo, é que nada tenho a dizer.” (Inédito nº 199, L.D.)

– “Tenho saudades da hipotese de poder ter um dia saudades, e ainda assim absurdas.” (Inédito nº 61, L.D.)

– “E eu, que longe d’essa paysagem quasi a esqueço, é ao tel-a que tenho saudades d’ella, é ao percorrel-a que a chóro e a ella aspiro…” (“Na Floresta do Alheamento”, Edição Petrus: 13)

– “Sou todo eu uma vaga saudade, nem do passado, nem do futuro: sou uma saudade do presente, anónima, prolixa e incomprehendida.” (Inédito nº 247, de 16/07/1932, L.D.)

– “Alli vivemos um tempo que não sabia decorrer, um espaço para que não havia pensar em poder medil-o.”/ “Um decorrer fóra do Tempo, uma extensão que desconhecia os habitos da realidade no espaço… (…) Alli vivemos horas cheias de um outro sentirmol-as, horas de uma imperfeição vazia e tão perfeitas por isso, tão diagonaes á certeza rectangular da vida.” (Edição Petrus: 14/16)

– “Como ha quem trabalhe de tedio, escrevo por vezes, de não ter que dizer.” (Inédito nº 300, L.D.)

– “Saber que será má a obra que se não fará nunca.” (Inédit nº 23, L.D.)

– “Aquillo que se perdeu, aquillo que se deveria ter querido, aquillo que se obteve e satisfez por erro, o que amámos e perdemos e, depois de perder, vimos, amando-o por tel-o perdido, que o não haviamos amado; o que julgavamos que pensavamos quando sentiamos; o que era uma memória e criamos que era uma emoção; e o mar todo, vindo lá, rumuroso e fresco, do grande fundo de toda a noite, a estuar frio na praia, no decurso nocturno do meu passeio à beira-mar…” (Edição Petrus: 24)

– “Um tedio que inclue a antecipação só de mais tedio; a pena, já, de amanhã ter pena de ter tido pena hoje – grandes emaranhamentos sem utilidade nem verdade, grandes emaranhamentos…” (Inédito nº 23, fragmento 2, L.D.)

– “E o sonho, a vergonha de fugir para mim, a cobardia de ter como vida aquelle lixo de alma que os outros teem só no somno, na figura da morte com que ressonam, na calma com que parecem vegetaes progredidos” (Inédito nº85, L.D.)

– “Como a música, o verso é limitado por leis ritmicas, que, ainda que não sejam as leis rígidas do verso regular, existem todavia como resguardos, coacções, dispositivos automáticos de opressão e castigo.” (Edição Petrus: 31)

– “O meu semi-heteronymo Bernardo Soares, (….) apparece sempre que estou cansado ou somnolento de sorte que tenha um pouco suspensas as qualidades de raciocínio e de inhibição; aquella prosa é um constante devaneio.” (Edição Petrus: 90 – 91)

– “Meditei hoje, num intervallo de sentir, na forma de prosa de que uso. Em verdade, como escrevo? Tive, como muitos teem tido, a vontade prevertida de querer ter um systema e uma norma. E certo que escrevi antes da norma e do systema; (…)” (Inédito nº 224, L.D.)

– “(…) Escrevo embalando-me, como uma mãe louca a um filho morto.” (Inédito nº 300, L.D.)

– “Cantava, em uma voz muito suave, uma canção de um pais longinquo. A musica tornava familiares as palavras incognitas. (…) coisas que estão na alma de todos e que ninguem conhece.” (Fragmento inédito, in: Persona 3)

– “Há ritmos verbais que são bailados, em que a idea se desnuda sinuosamente, numa sensualidade translúcida e perfeita.” (Edição Petrus: 32)

 

Referências bibliográficas:

Babo, M. A. Pérez, La Traversée de la Langue – Sur Le Livre de l’Intranquillité de Fernando Pessoa, Covilhã, LabCom, U.B.I., 2010.

Blanchot, M., L’Espace Littéraire, Gallimard, Paris, 1978.

Novalis, Fragments, (edição bilingue, tradução Armel Guerne), Paris, Aubier-Montaigne, 1973.

[i] As citações do Livro do Desassossego remetem para a 1º edição de alguns dos seus fragmentos, pela editora Petrus ou para o nº de classificação dos inéditos na BN.