- A Santa Ceia. Jubas Barreto, 2024. Acrílico sobre tela, técnicas mistas. 156x68cm.
- Satta. Jubas Barreto, 2024. Acrílico sobre tela, técnicas mistas. 104x66cm.
- O Ponto. Jubas Barreto, 2024. Acrílico sobre tela, técnicas mistas. 250x200cm.
- Sem título. Jubas Barreto, 2024. Acrílico sobre tela, técnicas mistas. 160x105cm.
- O Portal abriu. Jubas Barreto, 2025. Acrílico sobre tela, técnicas mistas. 160x105cm.
- Jacka. Jubas Barreto, 2024. Acrílico sobre tela, técnicas mistas.155x105cm.
- Espelho de Deus. Jubas Barreto, 2023. Acrílico, técnicas mistas sobre cartão. 75x105cm.
O conjunto de obras Sansão (título inspirado numa personagem bíblica, que inclui as pinturas A Santa Ceia, Satta, Sem Título e O Ponto) foi realizado em 2024 como projeto final de Artes Plásticas e Multimédia, integrando diversas técnicas pictóricas, com vários formatos e dimensões. O surgimento deste trabalho deve-se ao facto de desejar conhecer mais sobre mim, enquanto mulher luso-cabo-verdiana. Tendo esse objetivo em mente, após bastante pesquisa e reflexão, quis desconstruir visualmente a cultura cabo-verdiana, enquanto descendente luso-africana, tanto de uma forma ancestral como espiritual. É assim, deste modo, que decido levantar questões sobre factos relacionados com este tema.
Coloco em evidência a problemática inerente aos costumes sociais potencializados pela religião: por um lado, há a Bíblia enquanto elo de ligação ao divino, por outro, enquanto ferramenta para a prática da escravatura. Através desta obra é desenvolvido um trabalho que envolve o cruzamento de pintura com técnicas mistas, numa combinação de cores vibrantes, colagens e camadas. É uma aprendizagem atemporal, já que acumula e absorve o que vou investigando ao longo da minha prática artística.
Assim, cada peça deste conjunto carrega em si um resultado de experiências plásticas, construídas através de uma recolha de informação vasta, seja por intermédio de familiares, pesquisa histórica, social, escolar, cultural, etc. O resultado permeabiliza-se em Sanção, um trabalho artístico que mescla pintura com várias dimensões, sobrepõe cores e registos escritos, tendo em vista alcançar sensações quentes cheias de ritmo, que convidam o espectador a entrar no meu mundo caloroso e místico, onde é possível coexistir em harmonia e tendo amor ao próximo.
A obra O Portal Abriu faz parte de um díptico realizado em janeiro do presente ano. Realizada no contexto do Ano Novo, simboliza uma fase de revelações e transformações pessoais, e é resultado de um misto de emoções místicas pelas quais estava a atravessar na altura desta festividade. Sentindo que poderia ser um período decisivo não só para mim, mas também para os africanos num contexto mais abrangente, foco-me sobretudo na presença feminina negra, dando destaque a figuras que são guias espirituais e ancestrais, que nos dão sinais holísticos sutis, mas importantes.
Por fim, Jacka é uma peça realizada em homenagem ao meu pai. Embora não esteja mais entre nós, exprimo o que sinto em relação à sua figura. Não tanto os sentimentos de transtorno ou tristeza que me invadem, refiro-me ao formigueiro no coração e ao conforto que sinto nos ombros, porque tenho a certeza de que ele está sempre comigo. Quis transmitir isso para a tela. Por outro lado, já queria há muito fundir a arte dele com a minha, já que ele escrevia bastante e fiquei com as suas prosas e poesias. Este é o resultado final.