Celui qui désespère des événements est un lâche, mais celui qui espère en la condition humaine est un fou. Albert Camus, Carnets II, 1942-1951
I.
No seu famoso ensaio Artificiality and Enlightment: from Sociobiology to Biosociality, publicado pela primeira vez em 1992, Paul Rabinow cunhou o conceito de biossociabilidade para designar aquilo que considerava estar em jogo nas relações entre ciência, técnica e sociedade. Trata-se de uma tentativa de superação da visão evolucionista da sociobiologia, na qual a cultura e os fenômenos sociais são construídos tendo como base a natureza — pensamento determinista tipicamente associado aos movimentos eugenistas e higienistas dos séculos XIX e XX. Na biossociabilidade, aquela que melhor explicaria a atualidade, a natureza seria remodelada pela técnica até se tornar completamente artificial e a cultura em si se tornaria natural. Caminhamos gradualmente — embora de forma cada vez mais acelerada — em direção à superação de fronteiras entre natureza e cultura: desfatalizando a natureza, estamos a fatalizar a tecnologia, domínio que se confunde com a própria cultura da nossa época. E, para Rabinow, será através das técnicas de manipulação do humano — os desenvolvimentos científicos na área da genética — que esse processo atingirá o seu clímax, criando um género totalmente novo de auto-produção. De facto, o projeto moderno já buscara manipular e recriar tecnicamente a natureza até a tornar mais perfeita do que o original, mas assim o fez para justamente afirmar sua primazia diante do meio natural. Agora, porém, dá-se um passo além: o controle do ambiente natural, levado a cabo pela ciência moderna e pelo industrialismo Ocidental, move-se em direção a uma transformação dos controladores humanos desse ambiente e assinala a passagem do homo faber para o faber homini.
“Era das Biotecnologias”, “Civilização do Gene”, “Código da Vida”, “Homem Genético”. Estes são alguns dos termos que passaram a permear o imaginário técnico-científico nas últimas décadas do século XX. Em comum, a ideia de que a vida humana — nas suas esferas individual e social — pode ser traduzida em bases genéticas. Se o projeto biomédico iniciara a colonização do interior do corpo através dos instrumentos de visualização (como os exames de imagem ou endoscópicos), com a biologia molecular a dominação passa a se dar no nível mais elementar. Como explica Donna Haraway, desde meados dos anos 1990, “nós somos os nossos genes” (1997, p. 56). Neste período, mais de 60% de todas as pesquisas biológicas e biomédicas, financiadas pelo governo Norte-Americano (inequivocamente, aquele que assumiu o protagonismo inicial na corrida ao sequenciamento do genoma humano), utilizavam técnicas de biologia e genética molecular. Além disso, todos os anos, entre 1990 e 1994, em Silicon Valley, houve mais investimento financeiro em novas empresas de biotecnologia e saúde do que em qualquer uma das indústrias que até então dominavam a economia (Wolf, 1994 apud Haraway, 1997) — o que demonstra bem a atual intersecção entre técnica, ciência e economia de mercado, característica do atual contexto histórico do “tecno-capitalismo”, e que leva Haraway a denominá-lo, ironicamente, New World Order, Inc.
Se a Revolução Industrial se caracterizou pela aceleração das formas de produção, a atual revolução — de cunho também industrial e económico — é marcada pela engenharia genética, pela nanotecnologia (com os microchips que adentram na corrente sanguínea em busca de células “doentes”), pela farmacologia (a mina de ouro da indústria farmacêutica) e, é claro, a grande aliada e viabilizadora deste surto biotecnológico: as tecnologias da informação e os desenvolvimentos na área da cibernética, com o surgimento da Inteligência Artificial. A antiga fábrica se transfigurou em laboratórios e centros de pesquisa, deslocalizados por todo o planeta e interligados globalmente pelas redes de computadores e sistemas de informação. Como relembra Hermínio Martins (2011), embora mecanismos de apropriação de energia primária continuem a ser indispensáveis para a indústria, as máquinas informacionais difundiram-se ao ponto de praticamente ninguém deixar de estar conectado a uma delas. A noção de maquinalidade é hoje principalmente cibernética, informacional, digital e computacional. Assim, os organismos são tidos não só como máquinas (como a bête-machine cartesiana ou o homme-machine de La Mettrie — formulados, respectivamente, nos séculos XVII e XVIII), mas sobretudo como sistemas de processamento de informação. A biologia é tecnologia (Thacker, 2003): já não somos apenas os nossos genes, somos a informação que pode ser deles extraída. Nosso ADN, no sentido literal e figurado, é informacional.
II.
Uma das principais características das biotecnologias hoje é, portanto, a intersecção entre as ciências da vida e as da computação — um cruzamento entre os códigos genéticos e os de computador. O termo data made flesh (Thacker, 2003) — ou flesh made data — resume bem as convergências entre a genética e os códigos computacionais, o que se convencionou chamar de bioinformática. Seja através de softwares que realizam o (re)mapeamento do genoma, microchips utilizados na identificação de mutações no ADN ou pesquisas em célula-tronco, o que está em jogo são as formas como o corpo biológico é convertido em informação — e, idealmente, reconvertido em matéria, como no desenvolvimento de órgãos sintéticos ou na produção de fármacos (podemos então dizer que a biologia hoje não é apenas tecnologia, mas também se incorpora na economia de mercado). Neste sentido, contrariamente às fantasias de mind upload e de discursos trans/meta/pós-humanistas, não se trata de uma desmaterialização do corpo ou de uma experiência disembodied. O que as práticas biotecnológicas nos apresentam é a utilização da informática como forma de redefinir a materialidade biológica. A organicidade do corpo não é abolida, mas encarada como matéria (re)programável pelas lentes da tecnologia — change the code, and you change the body (ibid., p. 87).
Tudo se passa fundamentalmente em três etapas:
A primeira diz respeito às formas como o corpo pode ser abordado como informação, isto é, a tradução da carne para a forma de dados (leia-se “carne” como códigos genéticos e “dados” como informacionais). Trata-se da transição de um meio para outro, uma mudança de substrato — do hardware para o software. Na esteira de Thacker (2005), e referindo um exemplo da medicina regenerativa, para que um suposto paciente receba um enxerto de pele sintética produzida pela bioengenharia, uma amostra de células deve ser coletada em laboratório. Usando ferramentas de diagnóstico genético, como chips de ADN, as amostras genéticas coletadas são traduzidas para códigos de computador. Assim, poderão ser estudadas com o auxílio de softwares de análise. Este primeiro estágio de “codificação” do biológico é o momento em que a matéria orgânica assume a não-forma de padrões informacionais e, acima de tudo, adquire a mutabilidade potencial que estes representam. É a passagem do chamado wet lab para o dry lab, ou do in vivo para o in silico.
A segunda etapa é justamente quando ocorre a controversa manipulação, ou “recodificação”, dos genes[1]. Uma vez que o corpo biológico — i. e. o ADN — pode ser efetivamente “codificado” por/em meios informáticos, entende-se que a reprogramação desse código efetuará mudanças análogas no domínio biológico. Um exemplo da prática científica nesta fase são as pesquisas em células-tronco, que por sua vez são utilizadas como matéria-prima para a engenharia de tecidos. Resumidamente, as células-tronco são aquelas que existem em estado primitivo, isto é, antes da diferenciação celular através da qual podem dar origem a ossos, músculos ou células do sangue. Ao manipular o ADN já digitalizado destas células, os cientistas selecionam grupos específicos de genes que podem ou não ser ativados, para que assim controlem o potencial de diferenciação destas células-tronco — e, logo, a possibilidade de produção, na etapa seguinte, de tecidos sintéticos. Tudo isso é feito com o auxílio da bioinformática, que possibilita experimentações no código genético destas células (que darão origem a organóides) sem que ocorra qualquer dano ao corpo em que foram obtidas.
Por último, as técnicas de “codificação” e “recodificação” levam à “decodificação”, fase em que ocorre o regresso dos códigos computacionais à materialidade biológica. Voltando ao exemplo da engenharia de tecidos, este seria seu objetivo principal: usar as técnicas da biotecnologia, já entendidas como inseparáveis da bioinformática, para de facto gerar partes do corpo biológico. Uma vez que as células retiradas de um paciente podem ser manipuladas com o auxílio de softwares e induzidas a dar origem a estruturas de tecido sintético (a passagem do dry para o wet lab), elas podem então ser reintroduzidas no corpo do paciente. Não estamos diante da mera transposição de um suporte a outro (do software ao hardware), mas de informações genéticas que foram reprogramadas com o auxílio da máquina e, idealmente, reconvertidas em matéria orgânica. Diferentemente da metáfora do cyborg de Haraway (2000), este processo não envolve a integração de nenhum componente inorgânico ao corpo biológico. Não há hibridismo de corpo e máquina, mas uma metamorfose da carne por meio da técnica.
Trata-se de um projeto promissor para a medicina regenerativa, para as terapias farmacológicas e para o conhecimento científico de modo geral. Entretanto, há problemas iminentes nas formas como os nossos corpos estão a ser redesenhados pela ciência, em sua inevitável articulação com a técnica e com as forças que atuam sobre o campo sócio-cultural. Cabe-nos aqui destrincha-los, mesmo que parcialmente, para evitar os riscos de no futuro o corpo ser compreendido, pelas biotecnologias, como mera informação e a “vida” se tornar uma ciência da computação — ou apenas mais um produto no grande “supermercado genético” (Nozick, 1974 apud Martins, 2011, p. 311).
III.
No que diz respeito à codificação, uma questão inicial se coloca: a escolha acerca de quais corpos serão ou não mapeados geneticamente. Este é o principal problema desencadeado por projetos genómicos de escopo populacional. Embora o famoso Projeto Genoma Humano, iniciado nos anos 1990, com a participação de investimentos públicos e privados, tivesse como ambição maior criar um corpo biológico universal, formou-se ao seu redor uma série de programas dedicados a aspectos genéticos individualizantes: mutações mínimas entre genomas de uma mesma população, esforços para mapear genomas de minorias étnicas e raciais, e o consequente estabelecimento de correlações deterministas entre genótipos e fenótipos nos discursos científicos e culturais. A triagem genética de afro-americanos no sistema de saúde dos Estados Unidos, baseada em pesquisas sobre a anemia falciforme — rotulada como “a Black disease” — é exemplar neste sentido. Também de forma a particularizar atributos genéticos, a indústria farmacêutica percebeu que o verdadeiro lucro não está no genoma global, mas nos marcadores que distinguem diferentes genomas humanos uns dos outros. Dessa forma, fala-se hoje em “medicina personalizada”, terapia de gene e fármacos customizados sob-medida para populações ou indivíduos. Curiosamente, observa-se uma sobreposição entre a antiga sociobiologia e a atual biossociabilidade: práticas políticas e económicas se legitimam sobre bases biológicas, ao passo que a biologia humana é remodelada tecnologicamente. Mesmo com a superação de fronteiras, o sistema natureza-cultura segue comprometido.
O genoma humano ganha, assim, uma espécie de universalidade biológica ao mesmo tempo que cria fissuras entre os tipos biológicos. Para além da tentativa de classificação de indivíduos, grupos sociais ou populações a partir das suas características genéticas — um problema manifestamente biopolítico de controle dos corpos para a regulação das populações[2] — criam-se também novas formas de discriminação fundamentadas nas tecnologias do corpo hodiernas. E, no caso da conjugação entre bioinformática e genómica, uma discriminação baseada em dados — biopolitics can be understood today as the ongoing regulation of the bioinformatic inclusion of “life itself” into the political domain (Thacker, 2005, p. 28). Ferramenta técnica aparentemente neutra, a bioinformática torna-se iminentemente política, estabelecendo as formas como indivíduos e grupos sócio-culturais serão configurados por meio das biotecnologias. Corre-se, assim, o risco de aprofundar antigas discriminações e criar outras novas, reforçando a estigmatização de corpos considerados — agora também geneticamente — imperfeitos. Estamos a criar sociedades profundamente conectadas por dados genéticos e computacionais, mas todavia corrompidas nas ligações humanas.
Possivelmente, chegará o dia em que o objecto de investigação — o genoma humano — se tornará de tal forma conhecido que será possível manipulá-lo a ponto de transformá-lo radicalmente. Pois se o que permanece constante nas três etapas discriminadas é a informação biológica — i. e. o corpo considerado essencialmente como informação, mesmo que se busque um retorno à organicidade — abre-se a possibilidade de que esse mesmo corpo possa ser reprogramado facilmente. A modificação de humanos por humanos, antes matéria de ficção científica, já não parece tão fantasiosa. Hoje, se alastram por todo o planeta mercados de serviços genéticos, sobretudo no campo da reprodução assistida. Se a fertilização in vitro ou a criopreservação de óvulos se tornaram uma realidade, especula-se se no futuro será possível que a própria gestação ocorra em úteros artificiais, como já o sugeria em princípios do século passado J.B.S. Haldane (1923), defensor da ectogénese e o próprio criador do termo. Com efeito, tais tecnologias deram às mulheres possibilidades sociais, liberdades biológicas e aquilo que hoje parece ser o produto mais valioso no supermercado genético: o controle do tempo sobre a matéria.
Mas é preciso cautela. Tomar as rédeas da evolução significa, no limite, desenhar as gerações futuras — uma antropotecnologia futura que poderá avançar até um planejamento explícito de características da espécie humana (Sloterdijk, 2018). Não se trata apenas de um horizonte evolutivo, mas também de uma reformulação dos laços sociais no presente: a seleção pré-natal e o nascimento de bebés geneticamente desenhados criará novas qualidades genéticas “positivas” e “negativas” e, possivelmente, novas hierarquias baseadas em relações entre os gene-poor e os gene-rich (Martins, p. 396). Estamos não apenas a driblar a “máquina de Darwin” mas também a criar novos elos — genéticos — perdidos entre a própria espécie humana. No limite, podemos chegar à sua fissão definitiva. Mais do que naturalizar a cultura, talvez seja o caso de reconhecermos sua artificialidade e nos responsabilizarmos por decisões que estão a ser feitas. Afinal, diante da técnica, convém sempre reapreciar as relações entre o “poder fazer” e o “dever fazer”, como já o assinalou Hans Jonas (Jonas, 1984 apud Martins, 2011, p. 296).
IV.
Contrariando expectativas, descobriu-se que a diferença entre genomas de indivíduos humanos é pequena, uma média de 0,1% de diferença entre um e outro. Quanto aos demais seres vivos, camundongos, por exemplo, possuem aproximadamente a mesma quantidade de pares de base de ADN do que humanos, enquanto a salamandra conta com trinta vezes mais. Sendo assim, o ser humano — e alguns grupos humanos — perde duplamente seu privilégio genético: em relação a outros seres vivos e entre seus companheiros de espécie. O que parece ainda mais surpreendente é o facto de a maior parte dos genes humanos não codificar, ou seja, não possuir qualquer função específica até então conhecida: de acordo com investigadores, pelo menos 90% de nosso ADN é considerado junk DNA. Se como disse Bataille (1967), a economia geral do mundo se dá na geração de um excesso improdutivo — e não pelo princípio da utilidade — este excesso não se manifesta apenas nas formações sociais, nas trocas de energia entre organismos e ambiente, ou nas relações entre o Sol e a Terra[3], ele também ocorre no interior do humano, na escala celular. Assim como a sua ciência-irmã, as ciências da computação, a genómica parece ter de lidar em grande parte com a abundância de dados e informações.
Já não é preciso dizer que o mapeamento do genoma humano ocupa hoje a centralidade das pesquisas em biotecnologia. Tecnologias reprodutivas, farmacogenómica, terapia génica, engenharia de tecidos e uma série de áreas relacionadas dependem das aplicações dos seus resultados. Em parte, essa dependência requer que a pesquisa básica produza o máximo de dados que garantam sua aplicação (Thacker, 2005). No limite, o excesso de dados genómicos não simplesmente existe, mas é propositadamente produzido pela biotecnologia — já que do ponto de vista evolutivo parece improvável que tamanha quantidade de ADN-lixo permaneça inútil no futuro (hoje, por exemplo, já se sabe que ele possui funções reguladoras na atividade dos genes). Tudo se passa entre o gerenciamento do excesso (ADN não codificador) e a escassez (ADN que codifica e dá início à sintetização proteica). Se considerarmos que o objetivo final é produzir materialidade biológica, o problema na etapa da “decodificação” é então tanto definir que tipos de corpos serão materializados, quanto administrar as informações biológicas geradas — e no extremo, garantir a possibilidade de existência futura desses mesmos corpos.
Trata-se de um problema de origem técnica — a preservação de informação — cuja solução também se dá tecnicamente. Vemos hoje a proliferação de sistemas de gerenciamento de bases de dados, softwares, materiais suplementares online em publicações científicas e repositórios privados de centros de pesquisas. Um trabalho de corporização e materialização da própria informação que, ao utilizar a estrutura arquivial tecnológica, retornará idealmente ao corpo biológico. Entretanto, como assinala Bragança de Miranda (1996, p. 109), na medida em que o digital tende a constituir uma linguagem técnica universal, pode prever-se que a virtualização dos objectos irá inexoravelmente afastar aqueles menos traduzíveis. Se assim for, a biotecnologia — enquanto
prática que promove a articulação do corpo a níveis genéticos e informacionais — incorrerá na produção e gerenciamento contínuos de elementos inclusivos e exclusivos do corpo biológico. Numa época em que tudo tende a tornar-se obsoleto — “a obsolescência integrada por razões económicas na maioria dos objectos de consumo” (ibid.) — é de facto vital garantir a preservação da informação biológica aparentemente inútil. Pois se nossos corpos podem se transformar no produto básico da bio-shop universal, que seja garantida a multiplicidade dos mesmos. Para além da utilização das potencialidades técnicas, é preciso percebê-las como um problema de caráter ético e político sobre os usos da vida.
Notas
[1] Em síntese, os genes são segmentos de ADN que codificam proteínas. Eles variam em tamanho, de cerca de 10.000 pares de bases a mais de 2 milhões de pares de bases. A maioria dos genes humanos conhecidos hoje são regiões do ADN compostas de extensões chamadas “exões”, separados por regiões chamadas “intrões”. Quando um gene é ativado (e pouco ainda se sabe sobre o processo), o segmento de ADN é transcrito em um tipo de ARN. Os intrões são destacados e os exões são ligados para formar um ARN mensageiro. Este segmento é então transcrito e codifica uma proteína. (Cf, Rabinow, p. 94)
[2] Não por acaso, os dados resultantes desses mapeamentos genéticos são organizados em arquivos digitais, as bases de dados genéticos: “In the context of the contemporary biotech industry, what is helpful about Foucault’s concept of biopolitics is the way in which it historically identifies two elements central today to the ongoing development of biotechnology: the role of biological knowledge and the techniques of informatic data management and agglomeration” (Thacker, 2005, p. 26)
[3] “Je partirai d’un fait élémentaire: l’organisme vivant, dans la situation que déterminent les enjeux de l’énergie à la surface du globe, reçoit en principe plus d’énergie qu’il n’est nécessaire au maintien de la vie: l’énergie (la richesse) excédante peut être utilisée à la croissance d’un système (par exemple un organisme); si le système ne peut plus croître, ou si l’excédent ne peut en entier être absorbé dans sa croissance, il faut nécessairement le perdre sans profit (…) La source et l’essence de notre richesse sont données dans le rayonnement du soleil, que dépense l’énergie – la richesse – sans contrepartie.” (Bataille, 1967, pp. 59- 66).
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