A entrevista que faço à coreógrafa, bailarina e improvisadora Vera Mantero propõe dar conta do modo fragmentado como se recupera a memória de uma improvisação. Foi feita a 8 de Junho de 2020, numa fase de desconfinamento COVID-19 e no contexto de uma série de entrevistas feitas a improvisadores para o site do Teatro do Bairro Alto – a Maratona de Procrastinação (noutros termos).
Para além de usar improvisações como base para a construção de peças coreográficas, Mantero participou em vários projectos de improvisação pública colectiva, quase todos na moldura temporal dos anos 1990, constituindo marcos históricos que considero fundamentais reactivar e inscrever nalgum suporte partilhável, reflectindo sobre dança enquanto processo imersivo e reflexivo, modo de relação, de partilha e de pensamento.
Nesta entrevista interessou-me também observar alguém a recrutar a memória, enquanto pequenos acontecimentos se dão à sua volta no jardim – pessoas e pássaros passam lá atrás, há folhas que caem, luz do sol que muda. A calma e a distância de segurança a que estamos – visível no prólogo, onde Mantero revela que só limpou o bocadinho onde está sentada -, dão conta do ambiente em que a gravação vídeo se passa: Lisboa, Jardim de Santa Clara, desconfinamento Covid-19, 2020.
O trabalho de conversar com alguns protagonistas de eventos públicos de improvisação faz parte de um projecto maior a que dou o nome genérico de “Escola de Procrastinação”, referindo-me a modos de pensamento gerados por práticas que emergem da pesquisa artística de alguns improvisadores e coreógrafos.
Vera Mantero. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa e Américas. Colabora regularmente em projectos internacionais de improvisação, ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton. Em 2002 recebeu o Prémio Almada e, em 2009, o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete.
Prólogo
Sílvia Pinto Coelho [SPC]: Olá Vera, obrigada por esta entrevista. Gostava de começar por te pedir que partilhasses connosco alguns fragmentos da tua memória relacionada com improvisações, e que descrevesses momentos em que tudo flui sem grande reflexão, em lugar de sentirmos que estamos claramente a tomar decisões.
SPC: Podes descrever com mais detalhe o lugar da escolha?
SPC: Podes dar um outro exemplo de um momento que funciona como uma onda, por contraste com um “loop” reflexivo?
SPC: Podes falar dos projectos Crash Landing e o On the Edge?
SPC: O que fazemos quando estamos a improvisar?
SPC: E a música improvisada? O que pode correr mal numa improvisação com músicos improvisadores e performers improvisadores, por exemplo?
SPC: Queres acrescentar alguma coisa sobre música improvisada?
Vídeo e som: Sara Morais
Produção: ORG.I.A.
Produção executiva: Marta Moreira
Coprodução: Teatro do Bairro Alto
Apoio: ICNOVA, FCSH