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  A reabertura do Museu do Design no CCB

  [ Victor Flores ]

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História do Museu de Design

A segunda metade do século XX deu grandes provas de alargamento das fronteiras do museu, especialmente no que diz respeito à integração do objecto industrial de design. Exemplo disso são os museus de design que foram surgindo, mostrando que para além do objecto histórico-arqueológico, para além do ready-made, também o objecto de design era elegível. Curiosamente, os finais de década do séc. XX foram profícuos na criação dos mais famosos museus de design do Ocidente. Em 1969 era criado nos Estados Unidos o "Cooper-Hewitt National Design Museum", situado em Nova Iorque e mantendo-se praticamente até aos dias de hoje como singular naquele país pela sua dedicação exclusiva ao design histórico e contemporâneo com um espólio de mais de 250.000 objectos. No final da década seguinte, em 1979, era criado em Berlim o "Bauhaus-Archiv Museum of Design" num edifício construído a partir de um plano rascunhado por Walter Gropius e vocacionado para a apresentação da história e impacto da Escola Bauhaus de Weimar. Já em 1989 surgiram dois outros importantes pontos de referência na museologia do design: o «Vitra Design Museum» (dedicado ao mobiliário moderno) e o "Design Museum" em Londres, criado pela Fundação Conran, proprietária da cadeia de lojas de decoração Habitat.

Por coincidência também no último ano de uma década, em 1999 inaugurou-se em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, o «Museu de Design». Uma inauguração com uma particularidade em relação aos casos citados. Com efeito, tratou-se da inauguração de um Museu de Design sem edifício próprio e inserido na Galeria Cruzeiro do Sul de um Centro de Exposições até então dedicado a exposições temporárias de artes plásticas, fotografia e arquitectura. Se não restavam dúvidas de que o design poderia auxiliar a novas leituras da arte contemporânea exposta nas outras salas, o facto de esta se ter tornado numa das mais visitadas exposições de sempre do CCB permite diagnosticar da forma mais positiva o compromisso estabelecido entre o CCB e o coleccionador Francisco Capelo.

O processo iniciou-se nos finais dos anos 90 quando Francisco Capelo procurava um espaço para expor a sua considerável colecção de peças de design que começara a reunir desde 1972. Esse espaço veio a ser o Centro Cultural de Belém que, através da Arquitecta Margarida Veiga, já então Directora do Centro de Exposições, assinou com F. Capelo um protocolo que visava o depósito e conservação da colecção no CCB, assim como a sua permanente exposição por um período de dez anos, após o qual se projectou a possibilidade da sua doação pelo coleccionador ao Estado português. A parte da colecção a ser exposta foi e tem sido minuciosamente negociada com o coleccionador em função da disponibilidade das peças e do layout curatorial. A colecção do Museu conta actualmente com cerca de 800 peças, sendo que 790 pertencem à Colecção Capelo.