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Circunstâncias fortuitas
deram-me a oportunidade de rever Fight Club de David Fincher
(1),
obra que já me impressionara a primeira vez que a vi
e que se incluía numa série de outros filmes
sobre a "violência" (2).
Dada a limitação essencial de qualquer aproximação
a uma obra, que nem precisa de ser "de arte", não
pude deixar de sentir o conflito irremediável entre
a obra e os seus usos. De facto, nenhuma obra está
circunscrita no seu "corpo" visível. Uma
obra é sempre ela, mais a sua zona de sombra. Perante
isto que insuficiência a "material", que fragilidade
a "intriga", nada conseguindo obviar. As interpretações
que vêm em Fight Club uma crítica do "consumo"
ou o desconforto americano com o "mundo
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das mulheres" ou aglorificação
da violência, não apreendem o filme, acrescentam-se
a ele. Tudo enredamentos provocado por algo que sempre escapa,
por vir sempre demasiado cedo ou demasiado tarde.
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O que faz de Fincher um autor
muito especial é a maneira como leva às últimas
consequências essa "falha" essencial de toda
a obra, com o seu "inacabamento" radical. Diz Fincher:
"There are things that you don't even know what the
effect on an audience is going to be until you try it. You
don't even know what it's going to be on yourself.
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A movie is a prototype.
Every single one of them is a prototype - it's not the finished
thing" (3).
Se toda a obra é um protótipo a sua potência
mede-se pela infinidade de "tipos" que origina,
incontroladamente, mas também pela infinidade de trajectórias
que cada um deles percorre. Se a luta entre obras de arte
é uma "corrida de protótipos", em
si mesma cada uma delas não se distingue dos inúmeros
"tipos" ou "cópias" que o protótipo
contém. No caso do cinema (e das "obras de reprodução
técnica") isso é ainda mais evidente.
Alegoricamente pode encarar-se Fight Club como o devaneio
de um homem qualquer numa incerta noite de insónia,
onde o real se alucina, tudo fragilizando. Através
desse devaneio é mais o real que é convocado
no seu estado noctâmbulico. Ao sonambulismo de «Jack»
(Edward Norton) corresponde uma situação em
que todas as diferenças perdem nitidez. Isso é
esplendidamente mostrado pela «lógica onírica»,
quase surrealista, com que no filme de Fincher tudo é
curiosamente distorcido e exagerado.
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Na sua atmosfera noctambúlica tudo está
em ligação, se repete e comunica, tudo conspira,
impossivelmente. De repente há membros do «clube de
combate» por todo o lado, infiltrados por todo lado, mesmo
os próprios polícias que interrogam Jack estão
ao serviço de um «projecto» de que não se «pode
falar». O onirismo fílmico dá mimeticamente
a ver que as diferenças entre real e irreal, entre
real e cópia se esvaneceram.
O devaneio de Jack, provocado
pela sua insónia, que o abeira da psicose, está
no prolongamento de um mundo puramente alucinatório.
Nesse estupor "everything is a copy of a copy" como
diz Jack. A primeira delas é do design Ikea e os fatos
Armani, as roupas Calvin Klein , etc., mas esta é a
menos virulenta, pois é reconhecível, o que
não acontece aos restantes objectos, corpos e actos.
Quando o patrão de Jack encontra na fotocopiadora uma
cópia dos estatutos do «clube de combate» e lhe diz
«You don't get paid to abuse the copy machine» este
lhe responde: «"Abuse" the copy machine. What an image».
Ironia profunda, quando o próprio mundo se tornou numa
«copy machine». Nesta situação, mesmo
que o «real» existisse, estaria perdido no meio das cópias,
das «imagens» e seria irreconhecível
(4). O cinema
que tem de mostrar a diferença entre o «real» e a «imagem»
através das imagens é o melhor revelador da
natureza alucinatória da experiência contemporânea.
Calderón escreverá
um dia «la vida és sueño», mas apenas
porque havia uma outra, bem mais importante, situada no «além»
divino. Num mundo sem Deus o sonho torna-se em pesadelo. Esquecer
sonho e pesadelo acaba por anular a própria possibilidade
de distinguir entre sonho e vida, entre devaneio e real. Consequências
inevitáveis do nihilismo que, remotamente, orienta
a nossa condição e que, depois de anunciado
pelo louco de Nietzsche, vai chegando aos americanos, com
fragor. A certo momento, Tyler que lançara ácido
na mão de Jack para o caldear pela «dor», diz-lhe:
«This is the greatest moment of your life and you're off
somewhere, missing it. Listen. Your father was your model
for God. And if your father bails out, what does that tell
you about God?» (5).
Quando o real se alucina pareceria que apenas as máquinas
podem dar testemunho da ilusão. É o caso do
monitor de vídeo de uma câmara de segurança
que, num momento crucial do filme - o da luta de Jack contra
«Tyler» (Brad Pitt) - mostra apenas os forcejos de Jack. Tudo
se resumiria, assim, a um efeito de desdobramento, a uma «dupla
personalidade» em que uma é «mais real» do que a outra.
O recurso à máquina é, aliás,
um motivo recorrente em Fincher, que se observa também
em The Game e em Seven. No livro de Palahniuk
o papel da câmara está entregue a Deus: «A
Deus isto parece um homem sozinho com uma pistola enfiada
na própria boca. Mas quem está a segurar a arma
é Tyler e a vida é minha» (6).
Tudo indica que há uma hipótese mais radical.
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Quando se sonha o real também
se sonham as máquinas e nada fica de fora. Crise metafísica
esta, em que real e irreal se confundem, mas que não
nos deve impedir de agir ou de viver. Câmara-deus, câmara
em vez de Deus, deus por trás da câmara, meros
sonhos da máquina de filmar... Todas as personagens,
«Jack», «Tyler» e «Marla» (Helena Bonham Carter) personificam
sonhos do tamanho do mundo, o mundo em espelhismos dos corpos,
que se afrontam entre si, ambiguamente, pois nem sabemos ao
certo quem sonha o quê.
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Em princípio todas as
personagens são simples efeitos do «devanear» da câmara,
como se todas elas fossem o sonho da própria máquina
de filmar, que absorve os sonhos daqueles que estão
à frente e atrás dela e os restitui outra vez.
Esse sonhar em geral, sem sujeito, está em correspondência
com a época da «pós-história», momento
em que todas as distinções se revertem , em
que todos os bons sonhos ficam para trás e ressurgem
enquanto pesadelos. Ora, o pesadelo é a «violência»
na infinidade das suas formas. Assim sendo por todo o lado
emerge uma violência que ficou irresolvida. O sonho
histórico de uma comunidade perfeita e pura mudou-se
em pesadelo, pela simples razão de não se ter
realizado. Que a América de David Fincher se encontre
com a Alemanha de Heiner Müller revela o carácter
terminal desta questão.
Aquilo que neste filme se sonha
é a primitividade da violência e o seu incessante
retorno, através das imagens mais anódinas.
Tyler dá corpo a esse primitivismo com que, aliás,
se confrontam todas as personagens, e nós próprios,
e que se manifesta na violência ao acaso, espontânea,
sem intenção nem objectivo. A certo passo Tyler
diz que sonha com o dia que se verão lianas a crescer
ao longo da Torre Sears e pessoas a assar pedaços de
carne no asfalto aquecido pelo sol numa auto-estrada abandonada…
A violência surge na sua primitividade mais absoluta
quando escapa a todo o plano, mas não há história
sem um plano que acabe com a violência. Todo o filme
dá a ver este paradoxo.
Estamos perante um devaneio
sobre a violência, que campeia por todo o lado, que
surge e desaparece para irromper noutro canto qualquer; ela
junta-se a uma violência que já está aí,
como que cristalizada e imperceptível. A haver um «plano»
este acaba sempre por ser imputado. Assim, em Jack a violência
só tem sentido pessoal, através da descoberta
do corpo pela «dor», que o desperte da anestesia em que vive;
para Tyler todas as violências desembocam num plano:
o do «projecto destruição» ou «Project
Mayhem», uma espécie de armagedão absoluto
que deverá acabar com o capitalismo. É isso
justamente que lhe confere uma eficácia absoluta, ou,
no mínimo, uma presença excessiva. Isso explica
que o «clube de combate» tenha sido criado involuntariamente,
ou que a primeira regra seja não falar dele, como a
primeira regra do «projecto destruição» é
não fazer perguntas sobre ele.
É no reconhecimento
da primitividade da violência que Tyler e Jack se encontram,
para logo se separarem. Divisão essa que é essencial,
e incancelável. Mas enquanto Jack está em progressão,
pois para ele a violência é um momento de descoberta,
Tyler chegou ao fim de um curso, só lhe restando percorrê-lo
erraticamente na esperança de terminá-lo. Daí
que para ele todas as formas de violência estão
em correspondência secreta, formando um plano, um «projecto».
A haver «plano» é porque é o espelhismo de um
outro plano, que falhou. Será esse o segredo do pulular
da violência?
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Tudo indica que o projecto
destruição - é esse o "plano"
de Tyler - é um simulacro de um outro que falhou:
a revolução. É isso mesmo que permite
descrever a época como "pós-histórica".
Como se a história tivesse continuado em frente,
deixando para trás a ideia que a arrastava e
iluminava. A ser assim, a revolução terá
ficado atrás por ter sido ultrapassada por uma
história que terminou sem se realizar. Daí
que a violência que deveria pôr fim a toda
a violência, era
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esse o fito
da "revolução", emirja de todo
o lado. O plano da revolução subsiste
como simulacro no "projecto destruição".
A comunidade secreta que se vai constituindo em torno
do "clube de combate" e do "projecto
destruição" é a replicação
de uma espécie de comunismo selvagem, um comunismo
primitivo, que está congelado nos fundos da experiência,
e que emerge perversamente, por não se ter realizado
na história. Como uma fera que salta bruscamente
sobre tudo e todos, em qualquer lugar e fora de qualquer
tempo. Pulular da violência que teria de ter sentido,
de facto, só o tem porque o encontra no seu fracasso.
Ora este fracasso revela-se
no domínio da finança, dos patrões,
na moda, nas artes, em suma, nos mais mínimos
objectos da civilização, mas também
no menor gesto ou desejo. Lição essencial
esta, explorada tenazmente para revelar esta violência
oculta, porque conscrita em todas as coisas, invisível
da sua parente opacidade. Duplicidade essencial das
coisas, que se trata de expor. Para isso é preciso
encontrar as fissuras que exibem esse ocultamento. A
ser verdadeira esta hipótese, qualquer objecto
serviria para esse trabalho. Mas alguns são mais
propícios, o "corpo", por exemplo,
mas acima de tudo o "sabão" que aparece
anodinamente logo no primeiro encontro de Tyler e Jack
no avião, em que o primeiro se apresenta como
fabricante e vendedor de "sabão". Progressivamente
este motivo irá revelar-se como essencial, pontuando
todo o filme.
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A certo momento Tyler
decide ensinar Jack a fazer sabão. Numa cena
aparentemente delirante, mas trágica, Tyler e
Jack saiem para arranjar gordura para fazer sabão
dirigindo-se, de noite, a uma clínica. Como se
trata de uma clínica de "BODY SCULPTING
CLINIC", a coisa ganha contornos hilariantes e
cruéis, pois a gordura vem "from the
asses and thighs of rich women, paydirt". Num
enorme cartaz lê--se "DANGER - BIOHAZARD",
onde um duplo
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aviso nos insta. Como
explica Tyler: "The best fat for making soap
-- because the salt balance is just right -- comes from
human bodies". Com o sebo humano e a glicerina
que se produz por fervura irá ser produzido sabão
que Tyler vai vender a lojas de luxo do "centro"
da Cidade, onde se vende muito caro dada a sua excelente
qualidade (7).
Por outro lado, essa gordura serve também para
produzir explosivos: "If you add nitric acid
to the soap-making process, you get nitroglycerin. With
enough soap, you could blow up the world" (Tyler).
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Eis o segredo revelado
por Tyler: cada coisa, cada fragmento, cada objecto,
na sua aparente "matericidade" está
cindida invisivelmente pela violência de um sacrifício
que constituiu toda a história.
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E esta só terminaria
se conseguisse estar à altura desse sacrifício,
abolindo-o ao mesmo tempo. Todo o real se desvela como
sendo efeito de uma antiga história dos sacrifícios
humanos. Como se pode ler na novela de Chuck Palahniuk,
que serviu de base ao filme:"In ancient history
human sacrifices were made on a hill above a river
The
sacrifices were made and the bodies were burned on a
pyre
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After hundreds
of people were sacrificed and burned
a thick white
discharge crept from the alter, downhill to the river
Rain fell on the burnt pyre year after year, and year
after year people were burned, and the rain seeped through
the wood ashes to become a solution of lye, and the
lye combined with the fat of the sacrifices, and a thick
white discharge of soap crept out from the base of the
altar and crept downhill toward the river
Where
the soap fell into the river
after a thousand years
of killing people and rain, the ancient people found
their clothes got cleaner if they washed them at that
spot
". Religiões, artes, memória,
polidez, maneiras, tudo se origina nessa cerimónia
em que o primitivo se vai anulando, ocultando-se progressivamente.
Ela continua a assediar secretamente a nossa experiência.
Que as bombas sejam feitas a partir do sabão
corresponde, portanto, a uma profunda leitura histórica.
Tudo depende de se conseguir voltá-las contra
a "realidade" que as utiliza comercialmente,
esteticamente, etc., reproduzindo assim a lógica
do sacrifício.
Este último só teria sentido se a história
se tivesse realizado, se fosse atravessada por um "plano".
Eis o que divide profundamente Jack e Tyler. Conhecedores
ambos do mesmo "segredo", divididos pela maneira
como analisam a violência. Para Tyler a agregação
das pequenas violências numa enorme catástrofe
poderia consumar, ao mesmo tempo, abolir esta estrutura
sacrificial. Ele vive em todo o arco do tempo histórico.
Enquanto para Jack o somar das violências apenas
replicaria a estrutura sacrificial, fazendo de todos
e cada um uma "vítima" de uma cerimónia
sacrificial que perdeu o sentido. Ele vive no "presente".
No fundo, acaba por reconhecer que já não
existe nenhum projecto, que este é um espelhismo
de um sonho que não se cumpriu. Mas que pode
pesar infindavelmente sobre a vida.
Daí a sua luta final com Tyler, feita em nome
de uma vida que alcança a sua alegria na recusa
do sacrificial. Mas esta luta é tudo menos terminável.
Porque o reconhecimento da duplicidade do "mundo",
que assim dá espessura às "imagens"
a que imanentemente se teria reduzido, implica uma guerrilha
permanente contra a violência sacrificial que
suporta toda a experiência actual.
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Tyler e Jack enquanto
"especulações" são o
efeito, inextricável, da irresolução
que caracteriza a época. Tal irresolução
que está longe de ser escolhida. Ela corresponde
a um lance forçado da pós-história,
obrigada a reciclar os pequenos objectos e os grandes
projectos, como se não houvesse qualquer diferença
entre eles.
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É isso mesmo que
a cena final em que Marla e Jack se dão as mãos
pretenderia significar. Depois de "morto"
Tyler, numa cena fantástica e impossível,
acabando com o "projecto", ambos assistem
sem temor, nem entusiasmo, à destruição
dos grandes edifícios do centro da Cidade. O
explodir dos edifícios - que entrou no imaginário
americano depois dos eventos de Oaklahoma - permitira
ao mesmo tempo, começar de novo e esquecer o
"plano" que Tyler corporiza. Eis que Tyler
retorna, através de uma marca imperceptível,
apenas visível ao olhar maquínico"
de uma máquina de vídeo. Trata-se de um
"fotograma" pornográfico que se sabe
que é uma marca de Tyler, que é também
trabalha como projeccionista de cinema, e que na sua
guerrilha aparentemente absurda ele introduzia sub-repticiamente
nos filmes populares, para "família".
Retorna, assim, o projecto destruição,
para abalar a "soap opera" em que a
vida se tornou.
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É incancelável
a irresolução que leva Fincher a afirmar
que "se limita a apresentar alternativas".
É a própria falha da história que,
simultaneamente, torna absurdo o sacrifício que
origina a história e explica todas as perversões
actuais, o pular da violência e o pânico
com que se lhe reponde pela moral, a lei e a higienização
da vida.
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É a esta estrutura
que cada um é obrigado a responder para poder
viver. A isto ser possível é porque a
revolução, mais do que um "projecto"
que ficou à espera, pode muito singelamente já
ter vindo. Com o que chegaria ao fim a "história
do sabão". Poeticamente Francis Ponge deixa
entrever esta possibilidade, falando também ele
dessa "pierre bavarde" que é
o sabão: "Há muito a dizer acerca
do sabão. Exactamente tudo aquilo que ele conta
sobre si próprio até à sua desaparição
completa, esgotando o assunto"
(8). Há-de haver forma de agir que,
como a água, dissolve o seu objecto, purificando
sem violência.
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(1)-
Para a ficha técnica, e outras informações
relevantes, de Fight Club ver The Internet Movie Database
(http://us.imdb.com/Title?0137523)
(2)- Fight
Club de David Fincher era um dos filmes do ciclo sobre
"Cinema e Violência" organizado pelo Biblioteca
Museu República e Resistência no ISCTE (Lisboa,
30 de Maio de 2001) que fui convidado a comentar.
(3) - Numa
entrevista a David Fincher por Todd Doogan in (http://www.thedigitalbits.com/articles/fightclub/fincherinterview.html)
(4) - Tese
bem mais interessante de aquela que opõe real e simulacro,
que constitui a doxa actual de Baudrillard a Cronenberg...
(5) - Como
se pode ler no "Fight Club shooting script by Jim Uhls"(
http://www.compsoc.man.ac.uk/~heather/mustard/text/fcshoot).
Mas numa entrevista Fincher é mais claro: "The
tale is really one of maturity," he sums it up succinctly.
"It is about a confused guy who tries to fit in this
world that everyone else finds acceptable, but for him it
just doesn't work. So he casts off their ideals and enters
the world that defines Tyler. Tylers says the only way to
really experience life is to say to yourself, "God is
dead!" and enjoy life. He builds his own religion around
this, but ultimately this isn't working either". (David
Fincher: "Fighting the odds" entrevista de Guido
Henkel in http://www.dvdreview.com/html/dvd_review_-_david_fincher.shtml).
(6) - Chuck
Palaniuk (1996) - Clube de Combate, Lisboa, Editorial Notícias,
1991, p. 203.
(7)- Diz
Jack en voz off: "We were selling rich women
their own fat back to them" (shooting script).
(8) - Francis
Ponge - Le Savon, Paris, Gallimard, 1967, p. 17.
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