|
|
|
Pedras
frutos simulacros
Numa instalação recente intitulada Still Life with
Archietctural Elements (2000) exposta na Fundição de Oeiras, e executada em
Portugal, Jimmie Durham dá um novo passo na sua crítica da petrificação. A
instalação consta de dois elementos: 1) um vídeo que regista a queda de pedras de
vários tamanhos sobre frutos de tamanhos similares, e que são destruídos pelas pedras;
2) as pedras lançadas sobre os frutos são pintadas, em cores similares aos frutos que
destruíram, e colocadas sobre uma mesa. A mesa e o vídeo estão separados por uma
esquina, que ambas ladeiam. Encontramos aqui vários dos elementos que já analisámos,
apresentados, todavia, numa faceta distinta. Agora é a velha tradição pictórica da still
life que é visada, pondo-se em cena, por outras vertentes, o conflito entre arte e
vida. Mas, numa atitude nitidamente pós-vanguardista, a arte já não pode salvar a vida,
nem fundir-se com ela. Ao invés, ela ameaça a vida, nomeadamente pela sua cumplicidade
com a mathesis arquitectural e toda a «petrificação» da forma que ela implica.
No entanto, a pedra-em-imagem, e a pedra pintada, se estão em concorrência com a vida,
num gesto mais radical tais «imagens» libertam-na da sua pesadez absoluta, que Hans
Blumenberg denominou por «absolutismo do real». Irresistivelmente veio-me à memória a
frase de Mallarmé que prescreve à arte o imperativo «d'arracher un simulacre au sol».
Ver More Works about Buildings and Food, exposição comissariada por Pedro Lapa na
Fundição de Oeiras, Hangar K7 (17 Novembro 2000 - 31 de Janeiro 2001).
|
|